Tecnologia

Um ícone se desmancha no ar

Sem ter como concorrer com a internet, a Enciclopédia Britannica chega ao fim

Um ícone se desmancha no ar
Um ícone se desmancha no ar
Nascidas em 1768, a Bitannica foi engolida por Google e Wikipedia. Foto: IstockPhoto
Apoie Siga-nos no

A enciclopédia Britannica chegou ao fim. Na quarta-feira 14, o presidente da companhia responsável pela enciclopédia anunciou que não será mais oferecida a versão física. A última edição será datada de 2010, com 32 volumes e quase 60 quilos de peso. “Isso não tem nenhuma relação com a Wikipedia ou o Google, mas com o fato de que agora a Britannica vende produtos digitais para um grande número de pessoas”, disse o presidente da companhia, Jorge Cauz, em entrevista.

É uma tentativa admirável de defender um produto com uma história de 244 anos, vendido a 1,4 mil dólares na versão impressa. A primeira versão veio a público em 1768, publicada em Edimburgo, na Escócia. Com o tempo os editores decidiram que o melhor modelo seria atualizar os verbetes constantemente e assegurar que os mesmos tivessem um texto limpo e conciso, escritos por especialistas de renome contratados mundo afora. As vendas chegaram ao auge em 1990. Hoje um terço das cópias impressas da edição 2010 ainda está por ser vendida.

É um produto de qualidade indiscutível, mas obsoleto. A Wikipedia, fundada há 11 anos, é acessível em qualquer dispositivo com uma conexão de internet e um navegador, mesmo que rudimentar. Ela pode ser tão leve quanto um celular, tão pesada quanto um laptop antigo, mas é invariavelmente portátil. E de graça ou pelo menos tão cara quanto o preço pago pelo acesso à internet. Competir com esse preço é complicado.

Mesmo assim, Cauz acredita na percepção do consumidor para vender as assinaturas do serviço online, que custam 70 dólares. Ele acredita também que muitos ainda confiam mais nos editores da Britannica do que no exército de anônimos que edita a Wikipedia. “Uma enciclopédia fica obsoleta no momento em que é impressa, enquanto nossa edição online é atualizada constantemente. As vendas de enciclopédias têm sido insignificantes por muitos anos, sabíamos que isso aconteceria”, sustentou o executivo.

A empresa não divulga o número de -assinantes, mas uma estimativa conservadora do número de acessos diários à Wikipedia chega perto dos 320 milhões de pessoas para um conteúdo com cerca de 2 bilhões de palavras na edição inglesa. Ou seja, 50 vezes maior do que a edição impressa da Britannica. Foram 244 anos de vida. A edição digital não deve durar muito mais.

A dependência tão grande em conteúdo digital traz um problema que pode ser importante quando ele é usado no aprendizado, segundo estudo da professora Kate Garland, da Universidade de Leicester. Em entrevista à revista Time, ela explicou que existem diferenças sutis que tendem a favorecer o material impresso. “Bombardeamos uns pobres estudantes de psicologia com textos sobre economia”, disse ela. Os estudantes precisaram ler o texto repetidas vezes para entender o conteúdo quando a leitura era feita em um computador. Além disso, os que liam a mesma coisa em livros pareciam ter aprendido mais profundamente os conceitos apresentados.

Parte da vantagem do papel sobre os pixels, segundo a professora, é que ele providencia referências físicas. Lembrar a posição do texto na página, se a informação estava na página da direita ou da esquerda, na parte de cima ou de baixo, longe ou perto de uma ilustração, ajudou os estudantes a se lembrarem do que tinha sido lido.

A enciclopédia Britannica chegou ao fim. Na quarta-feira 14, o presidente da companhia responsável pela enciclopédia anunciou que não será mais oferecida a versão física. A última edição será datada de 2010, com 32 volumes e quase 60 quilos de peso. “Isso não tem nenhuma relação com a Wikipedia ou o Google, mas com o fato de que agora a Britannica vende produtos digitais para um grande número de pessoas”, disse o presidente da companhia, Jorge Cauz, em entrevista.

É uma tentativa admirável de defender um produto com uma história de 244 anos, vendido a 1,4 mil dólares na versão impressa. A primeira versão veio a público em 1768, publicada em Edimburgo, na Escócia. Com o tempo os editores decidiram que o melhor modelo seria atualizar os verbetes constantemente e assegurar que os mesmos tivessem um texto limpo e conciso, escritos por especialistas de renome contratados mundo afora. As vendas chegaram ao auge em 1990. Hoje um terço das cópias impressas da edição 2010 ainda está por ser vendida.

É um produto de qualidade indiscutível, mas obsoleto. A Wikipedia, fundada há 11 anos, é acessível em qualquer dispositivo com uma conexão de internet e um navegador, mesmo que rudimentar. Ela pode ser tão leve quanto um celular, tão pesada quanto um laptop antigo, mas é invariavelmente portátil. E de graça ou pelo menos tão cara quanto o preço pago pelo acesso à internet. Competir com esse preço é complicado.

Mesmo assim, Cauz acredita na percepção do consumidor para vender as assinaturas do serviço online, que custam 70 dólares. Ele acredita também que muitos ainda confiam mais nos editores da Britannica do que no exército de anônimos que edita a Wikipedia. “Uma enciclopédia fica obsoleta no momento em que é impressa, enquanto nossa edição online é atualizada constantemente. As vendas de enciclopédias têm sido insignificantes por muitos anos, sabíamos que isso aconteceria”, sustentou o executivo.

A empresa não divulga o número de -assinantes, mas uma estimativa conservadora do número de acessos diários à Wikipedia chega perto dos 320 milhões de pessoas para um conteúdo com cerca de 2 bilhões de palavras na edição inglesa. Ou seja, 50 vezes maior do que a edição impressa da Britannica. Foram 244 anos de vida. A edição digital não deve durar muito mais.

A dependência tão grande em conteúdo digital traz um problema que pode ser importante quando ele é usado no aprendizado, segundo estudo da professora Kate Garland, da Universidade de Leicester. Em entrevista à revista Time, ela explicou que existem diferenças sutis que tendem a favorecer o material impresso. “Bombardeamos uns pobres estudantes de psicologia com textos sobre economia”, disse ela. Os estudantes precisaram ler o texto repetidas vezes para entender o conteúdo quando a leitura era feita em um computador. Além disso, os que liam a mesma coisa em livros pareciam ter aprendido mais profundamente os conceitos apresentados.

Parte da vantagem do papel sobre os pixels, segundo a professora, é que ele providencia referências físicas. Lembrar a posição do texto na página, se a informação estava na página da direita ou da esquerda, na parte de cima ou de baixo, longe ou perto de uma ilustração, ajudou os estudantes a se lembrarem do que tinha sido lido.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo