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Trump confirma acordo entre EUA e China sobre o TikTok
O Congresso norte-americano aprovou em 2024 uma lei que obriga a ByteDance a transferir o controle da rede, sob pena de proibição nos EUA


Washington e Pequim chegaram a um acordo para que a rede social TikTok passe a ser propriedade americana, evitando proibições nos Estados Unidos, anunciou nesta terça-feira 16 o presidente Donald Trump.
Com quase 2 bilhões de usuários no mundo, o TikTok é propriedade da empresa ByteDance, com sede na China. Mas, de acordo com uma lei americana, a plataforma não pode operar nos Estados Unidos, a menos que a empresa matriz transfira o controle para americanos.
“Temos um acordo sobre o TikTok. Cheguei a um acordo com a China, falarei com o presidente Xi (Jinping) na sexta-feira para confirmar tudo”, afirmou Trump a jornalistas ao deixar a Casa Branca para uma visita de Estado ao Reino Unido.
O acordo foi anunciado na segunda-feira após dois dias de negociações em Madri entre o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng.
Segundo Bessent, o protocolo prevê que a plataforma de vídeos curtos fique sob controle americano com a entrada ou aumento de capital de um ou mais investidores sediados nos Estados Unidos.
Na segunda-feira, Wang Jingtao, adjunto do responsável pela Administração Chinesa do Ciberespaço (CAC), indicou que as partes chegaram a um acordo sobre “o uso licenciado do algoritmo” e outras funcionalidades protegidas por propriedade intelectual.
O acordo também implica que a ByteDance “confie a gestão dos dados e a segurança dos conteúdos dos usuários americanos” a um terceiro, segundo o dirigente chinês.
Esta questão, envolvendo a propriedade do algoritmo e o controle dos dados dos usuários, está no centro das preocupações dos legisladores americanos.
O Congresso aprovou em 2024 uma lei que obriga a ByteDance a transferir o controle do TikTok sob pena de proibição nos Estados Unidos.
Esse texto visava evitar que as autoridades chinesas tivessem acesso a dados pessoais de usuários do TikTok nos Estados Unidos ou influenciassem a opinião americana através do poderoso algoritmo da rede social.
O TikTok admitiu que colaboradores baseados na China tiveram acesso a dados de usuários americanos, mas garantiu que nada foi comunicado ao governo chinês.
“Empresas muito grandes”
A possibilidade de que o TikTok nos Estados Unidos utilize o algoritmo, que permaneceria propriedade da ByteDance, e não uma separação completa, não resolveria totalmente as questões levantadas pelo Congresso.
A lei americana que exige a venda ou a proibição do TikTok por motivos de segurança nacional deveria entrar em vigor um dia antes da posse de Trump, em 20 de janeiro.
Mas o presidente republicano, que impulsionou sua campanha eleitoral de 2024 amplamente nas redes sociais e se declara fã do TikTok, suspendeu a proibição.
Em meados de junho, ele estendeu por mais 90 dias o prazo para que o aplicativo encontrasse um comprador não chinês, como condição para não ser proibido nos Estados Unidos.
Esse novo prazo expira na quarta-feira.
“Temos um grupo de empresas muito grandes interessadas em comprá-lo”, disse Trump a jornalistas.
O presidente não especificou se estenderia o prazo para finalizar o acordo com a China.
De acordo com vários veículos de imprensa americanos, um protocolo foi encontrado em abril, antes de as relações comerciais e diplomáticas entre China e Estados Unidos se deteriorarem abruptamente no contexto de novas tarifas.
Esse protocolo incluía a participação do grupo de tecnologia Oracle, que já hospeda os dados do TikTok nos Estados Unidos em seus servidores americanos, assim como do gestor de ativos Blackstone e do empresário Michael Dell.
Outros candidatos à compra da plataforma se posicionaram, em especial o “Project Liberty” do empresário Frank McCourt e a startup de inteligência artificial (IA) generativa Perplexity AI, cada um querendo integrar o aplicativo em um modelo mais amplo.
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