Tecnologia

Os motivos da decadência do Orkut

A primeira grande rede social que vingou no Brasil é ultrapassada pelo Facebook. Segundo especialistas, o apelo internacional do concorrente junto à emergente classe média foi determinante

A rede social do Google é ultrapassada pelo Facebook após sete anos de predomínio
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Foi a primeira febre no Brasil. De repente, a turma formada dez anos antes poderia trocar ideias, atualizar as novidades, combinar reencontros e acompanhar os últimos melhores momentos da vida de cada um por meio de álbuns de fotos e mensagens compartilhadas em comunidades temáticas. A maior prova de afeto era quando alguém abria o computador e lia um novo testemunho.

Ligado ao Google, o até então maior site de relacionamento da internet viveu seu auge entre 2004 e 2008. A partir de então, experimentou uma decadência anunciada já acusada por números de usuários – e pela assiduidade de quem ainda mantém conta no antigo site favorito.

O declínio do império tem nome, mas demorou a se consolidar. Ainda em 2008, seu primeiro ano sob o domínio “.br”, o Facebook tinha apenas 209 mil usuários no Brasil. Um arranhão perto dos milhões ainda sob o efeito da “Cultura do Orkut”. Aos poucos, a situação mudou.

Em quatro anos, a cria de Mark Zuckerberg conseguiu vencer a resistência brasileira com um ritmo de crescimento pungente (192% de dezembro de 2010 a dezembro de 2011). Firmou-se, em dezembro, como a maior rede social em usuários únicos do Brasil.

Atualmente com 36,1 milhões de usuários, o Facebook triplicou em tamanho sua audiência e cresceu sete vezes em engajamento para assumir a posição de liderança no mercado brasileiro, segundo os últimos dados da consultoria em redes sociais comScore.

No último mês de 2011, o usuário do Facebook passava 4,8 horas mensais, em média no site – em dezembro de 2010, o tempo gasto era de apenas 37 minutos. No mesmo período, foram consumidas uma média de 500 páginas de conteúdo no site, que foi visitado cerca de 27 vezes pelo mesmo usuário durante dezembro de 2011.

Vantagem que virou desvantagem

Conhecido por seu domínio no mercado brasileiro, o Orkut jamais conseguiu repetir o sucesso que fez no Brasil internacionalmente – apenas na Índia e no Brasil a rede possui a maioria dos usuários locais. Em parte porque, segundo o Google, o perfil do usuário do Orkut é um retrato fiel do País. “Possui todas as classes sociais, de todos os lugares do país”.

Na avaliação de Alex Banks, diretor-executivo da comScore, o fato de ser um produto quase exclusivamente brasileiro tornou-se um ponto negativo para o Orkut. É como se as fronteiras transformassem o produto em algo pequeno demais para quem vive no País. Com o crescimento da classe média brasileira e do turismo internacional, o usuário passa a procurar referências de fora justamente num site com ramificações em vários países. “Com a classe média crescendo e viajando mais para outros países é normal que haja mais interesse do brasileiro em fazer parte de uma rede que permita a ele manter contatos com estrangeiros”.

Além disso, um fator que contribui para o crescimento do Facebook é o peso de sua marca. Segundo Banks, é mais provável que um usuário que acessa a Internet pela primeira vez faça um perfil no Facebook do que no Orkut. “Hoje, a marca Facebook, além de internacional, é mais forte. Hollywood não fez filme sobre Orkut, fez sobre o Facebook”, afirma.

Para a especialista em Mídias Digitais da USP, Elizabeth Saad, o declínio do Orkut explica-se como o fim de um ciclo de predomínio. “Toda inovação tecnológica possui um ciclo, e os pioneiros geralmente sofrem. Os concorrentes que surgem depois, como o Facebook, esperam os efeitos-teste do pioneiro, para depois entrarem no mercado. Se o pioneiro não se recicla, ele tende a desaparecer”, defende.

Cultura Orkut

Engana-se, porém, quem se apressa em dizer que o Orkut está morto. Com 34,4 milhões de usuários, a rede ainda é muito usada e abrangente em todo o País, principalmente fora da região Sudeste.

“No médio prazo, é muito difícil de o Orkut voltar a lidera o mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, a “cultura Orkut” que se criou no Brasil depois de anos de supremacia e uso desta rede não vai desaparecer tão cedo”, afirma Banks.

O consultor explica que a região sudeste foi apenas a percussora de uma tendência e que outras regiões do País também devem passar a utilizar o Facebook. “O Sudeste foi, sem dúvida, a região onde a ascensão do Facebook ao topo da categoria começou. Há um ano, esta região representava 75% das visitas. Agora, representa apenas metade das visitas do Facebook no Brasil. Isso demonstra a adoção generalizada do site em todo o País”, conclui Banks.

Google+

Longe de ser uma prioridade do Google Mundial, o Orkut passou a ter concorrente, a partir de julho do ano passado, dentro da própria casa. O Google + é hoje a principal aposta mundial da empresa.

Segundo o Google, o objetivo da nova rede é compartilhar informações na internet da maneira parecida com a vida real. “Você divide coisas diferentes com pessoas diferentes. Nós começamos este projeto para ver se a gente conseguiria criar um modo melhor de se conectar com as diferentes pessoas que existem nas nossas vidas”, segundo a empresa.

Na opinião de Elizabeth, o Google+ é um grande investimento, que utiliza o Orkut como laboratório. “O Orkut tem se esforçando por meio de melhorias. Mas penso que em médio prazo o ciclo de vida tende a decair. O próprio Google não tem o Orkut em sua estratégia global, senão, não teria criado o Google+”, avalia.

Atualmente com 4,3 milhões de usuários, de acordo com dados de dzembro de 2011, a audiência combinada, sem duplicação, do Google+ com o Orkut alcança uma audiência de 34,9 milhões de usuários, ainda atrás do Facebook.

Foi a primeira febre no Brasil. De repente, a turma formada dez anos antes poderia trocar ideias, atualizar as novidades, combinar reencontros e acompanhar os últimos melhores momentos da vida de cada um por meio de álbuns de fotos e mensagens compartilhadas em comunidades temáticas. A maior prova de afeto era quando alguém abria o computador e lia um novo testemunho.

Ligado ao Google, o até então maior site de relacionamento da internet viveu seu auge entre 2004 e 2008. A partir de então, experimentou uma decadência anunciada já acusada por números de usuários – e pela assiduidade de quem ainda mantém conta no antigo site favorito.

O declínio do império tem nome, mas demorou a se consolidar. Ainda em 2008, seu primeiro ano sob o domínio “.br”, o Facebook tinha apenas 209 mil usuários no Brasil. Um arranhão perto dos milhões ainda sob o efeito da “Cultura do Orkut”. Aos poucos, a situação mudou.

Em quatro anos, a cria de Mark Zuckerberg conseguiu vencer a resistência brasileira com um ritmo de crescimento pungente (192% de dezembro de 2010 a dezembro de 2011). Firmou-se, em dezembro, como a maior rede social em usuários únicos do Brasil.

Atualmente com 36,1 milhões de usuários, o Facebook triplicou em tamanho sua audiência e cresceu sete vezes em engajamento para assumir a posição de liderança no mercado brasileiro, segundo os últimos dados da consultoria em redes sociais comScore.

No último mês de 2011, o usuário do Facebook passava 4,8 horas mensais, em média no site – em dezembro de 2010, o tempo gasto era de apenas 37 minutos. No mesmo período, foram consumidas uma média de 500 páginas de conteúdo no site, que foi visitado cerca de 27 vezes pelo mesmo usuário durante dezembro de 2011.

Vantagem que virou desvantagem

Conhecido por seu domínio no mercado brasileiro, o Orkut jamais conseguiu repetir o sucesso que fez no Brasil internacionalmente – apenas na Índia e no Brasil a rede possui a maioria dos usuários locais. Em parte porque, segundo o Google, o perfil do usuário do Orkut é um retrato fiel do País. “Possui todas as classes sociais, de todos os lugares do país”.

Na avaliação de Alex Banks, diretor-executivo da comScore, o fato de ser um produto quase exclusivamente brasileiro tornou-se um ponto negativo para o Orkut. É como se as fronteiras transformassem o produto em algo pequeno demais para quem vive no País. Com o crescimento da classe média brasileira e do turismo internacional, o usuário passa a procurar referências de fora justamente num site com ramificações em vários países. “Com a classe média crescendo e viajando mais para outros países é normal que haja mais interesse do brasileiro em fazer parte de uma rede que permita a ele manter contatos com estrangeiros”.

Além disso, um fator que contribui para o crescimento do Facebook é o peso de sua marca. Segundo Banks, é mais provável que um usuário que acessa a Internet pela primeira vez faça um perfil no Facebook do que no Orkut. “Hoje, a marca Facebook, além de internacional, é mais forte. Hollywood não fez filme sobre Orkut, fez sobre o Facebook”, afirma.

Para a especialista em Mídias Digitais da USP, Elizabeth Saad, o declínio do Orkut explica-se como o fim de um ciclo de predomínio. “Toda inovação tecnológica possui um ciclo, e os pioneiros geralmente sofrem. Os concorrentes que surgem depois, como o Facebook, esperam os efeitos-teste do pioneiro, para depois entrarem no mercado. Se o pioneiro não se recicla, ele tende a desaparecer”, defende.

Cultura Orkut

Engana-se, porém, quem se apressa em dizer que o Orkut está morto. Com 34,4 milhões de usuários, a rede ainda é muito usada e abrangente em todo o País, principalmente fora da região Sudeste.

“No médio prazo, é muito difícil de o Orkut voltar a lidera o mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, a “cultura Orkut” que se criou no Brasil depois de anos de supremacia e uso desta rede não vai desaparecer tão cedo”, afirma Banks.

O consultor explica que a região sudeste foi apenas a percussora de uma tendência e que outras regiões do País também devem passar a utilizar o Facebook. “O Sudeste foi, sem dúvida, a região onde a ascensão do Facebook ao topo da categoria começou. Há um ano, esta região representava 75% das visitas. Agora, representa apenas metade das visitas do Facebook no Brasil. Isso demonstra a adoção generalizada do site em todo o País”, conclui Banks.

Google+

Longe de ser uma prioridade do Google Mundial, o Orkut passou a ter concorrente, a partir de julho do ano passado, dentro da própria casa. O Google + é hoje a principal aposta mundial da empresa.

Segundo o Google, o objetivo da nova rede é compartilhar informações na internet da maneira parecida com a vida real. “Você divide coisas diferentes com pessoas diferentes. Nós começamos este projeto para ver se a gente conseguiria criar um modo melhor de se conectar com as diferentes pessoas que existem nas nossas vidas”, segundo a empresa.

Na opinião de Elizabeth, o Google+ é um grande investimento, que utiliza o Orkut como laboratório. “O Orkut tem se esforçando por meio de melhorias. Mas penso que em médio prazo o ciclo de vida tende a decair. O próprio Google não tem o Orkut em sua estratégia global, senão, não teria criado o Google+”, avalia.

Atualmente com 4,3 milhões de usuários, de acordo com dados de dzembro de 2011, a audiência combinada, sem duplicação, do Google+ com o Orkut alcança uma audiência de 34,9 milhões de usuários, ainda atrás do Facebook.

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