Mundo
TikTok recorre à Suprema Corte dos EUA contra venda forçada
A decisão coloca pressão sobre a rede chinesa, visto que os congressistas ordenaram a aplicação do texto a partir de 19 de janeiro


Um tribunal de apelações americano rejeitou, nesta sexta-feira 6, o recurso da plataforma TikTok questionando a constitucionalidade da lei que exige que se separe de sua matriz chinesa para seguir operando nos Estados Unidos, e agora a empresa recorrerá à Suprema Corte.
A decisão pressiona o TikTok, já que o Congresso estabeleceu 19 de janeiro como data para a aplicação do texto.
A lei, promulgada em abril pelo presidente Joe Biden, impediria a plataforma de figurar em lojas de aplicativos nos Estados Unidos se não cumprir com o estipulado.
Segurança Nacional vs. Censura
De acordo com um expediente judicial, na decisão legal desta sexta-feira, um painel de três juízes rejeitou os principais argumentos de TikTok de que as preocupações de segurança dos Estados Unidos que embasavam a lei são especulativas.
Também não concordaram que alternativas menos drásticas que uma venda por parte da ByteDance resolveriam os problemas apresentados pelo governo americano.
Os juízes também rejeitaram o argumento apresentado pelo TikTok de que a lei, na realidade, tentava censurar conteúdos e não garantir a segurança nacional.
“A conclusão é respaldada por ampla evidência de que a Lei é o meio menos restritivo para promover os imperiosos interesses de segurança nacional do governo [americano]”, argumentaram os magistrados ao fundamentarem sua decisão.
Nesta sexta-feira, o TikTok anunciou que recorrerá à Suprema Corte de Estados Unidos.
“A Suprema Corte tem um histórico estabelecido de proteção do direito dos americanos à liberdade de expressão, e esperamos que faça exatamente isso neste importante tema constitucional”, comentou a empresa em um comunicado após ver seu recurso rejeitado.
Risco de vazamento de dados
Com a lei, adotada por uma grande maioria de legisladores, tanto republicanos quanto democratas, o Congresso afirma querer prevenir os riscos de espionagem e manipulação dos usuários da plataforma de vídeos curtos, muito popular entre os jovens de todo o mundo, por parte do governo chinês.
O governo dos Estados Unidos alega que o TikTok permite ao governo chinês coletar dados privados e espionar os usuários. Também sustenta que a plataforma é um meio para difundir propaganda oficial. Tanto Pequim quanto a Bytedance rejeitam tais acusações.
O TikTok, que conta com cerca de 170 milhões de usuários ativos nos Estados Unidos, negou diversas vezes transmitir informação às autoridades de Pequim e sustenta que rejeitará qualquer possível solicitação desse nível.
Incerteza antes de Trump
A potencial proibição poderia tensionar as relações entre Estados Unidos e China justo quando o presidente eleito, o republicano Donald Trump, se prepara para assumir o cargo em 20 de janeiro.
Trump considera que uma proibição beneficiaria principalmente gigantes como a Meta (proprietária de Facebook e Instagram, entre outras redes), do magnata Mark Zuckerberg.
A postura de Trump reflete críticas mais amplas dos conservadores contra a Meta, a quem acusam de suprimir conteúdo de direita, incluída a suspensão do próprio ex-presidente (2017-2021) do Facebook depois da violenta invasão do Capitólio por parte de seus simpatizantes em 2021.
A visão atual de Trump é diferente da de seu primeiro mandato, quando tentou proibir o TikTok por preocupações de segurança similares.
David Sacks, o novo chefe de políticas tecnológicas de Trump, também se opõe à proibição, pois a considera um excesso do governo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Leia o voto de Toffoli pela responsabilização de redes sociais sem necessidade de notificação prévia
Por CartaCapital
Câmara aprova acordo entre Brasil e China para desenvolvimento de satélite
Por CartaCapital
De olho na disputa comercial com EUA, China zera tarifa para produtos de países menos desenvolvidos
Por André Lucena