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Foguete da SpaceX, empresa aeroespacial de Elon Musk, explode sobre Oceano Índico

A explosão ocorreu durante o teste de lançamento da Starship, peça-chave do projeto da companhia para tentar colonizar Marte

Foguete da SpaceX, empresa aeroespacial de Elon Musk, explode sobre Oceano Índico
Foguete da SpaceX, empresa aeroespacial de Elon Musk, explode sobre Oceano Índico
Foguete Starship, da SpaceX, explodiu no ar pouco após o lançamento em teste-chave para o plano de Musk de colonizar Marte. Foto: SPACEX / AFP
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O protótipo Starship da SpaceX, peça-chave das ambições de Elon Musk para colonizar Marte, explodiu nesta terça-feira 27 sobre o Oceano Índico nos instantes finais de sua última missão de teste.

O maior e mais potente veículo de lançamento do mundo decolou das instalações da Starbase, no sul do Texas, por volta de 18h36 locais (20h36 em Brasília).

A empolgação era grande entre as equipes em terra e os espectadores que compareceram para observar o espetáculo, depois que os dois últimos testes terminaram com os estágios superiores se desintegrando sobre o Caribe.

Porém, logo ficou claro que nem tudo estava bem: o propulsor Super Heavy do primeiro estágio explodiu, em vez de fazer sua amerissagem planejada no Golfo do México.

Uma transmissão ao vivo mostrou que a nave espacial do estágio superior não conseguiu abrir suas comportas para liberar uma carga útil de “simuladores” de satélites Starlink.

Embora a nave tenha conseguido viajar mais longe que nos dois testes anteriores, ela apresentou vazamento de combustível e começou a girar descontroladamente.

As equipes então liberaram o combustível intencionalmente para limitar a força da explosão esperada, e as câmeras pararam de transmitir cerca de 45 minutos depois do início de um voo programado para pouco mais de uma hora, o que significa que não conseguiu chegar à zona de amerissagem pretendida, em frente à costa ocidental da Austrália.

“A Starship sofreu uma rápida desmontagem não programada”, escreveu a SpaceX mais tarde na rede social X, um eufemismo para a destruição da nave, enquanto enfatizava que aprenderia lições com esse novo revés.

Musk, por sua vez, prometeu acelerar o ritmo dos testes: “O ritmo de lançamento dos próximos 3 voos será mais rápido — aproximadamente um a cada três ou quatro semanas”, disse.

‘Emocionante’

Com 123 metros de altura, o megafoguete foi projetado para ser totalmente reutilizável e carrega consigo as esperanças de Musk de tornar a humanidade uma espécie multiplanetária.

A Nasa também conta com uma variante do Starship para servir de módulo de pouso da tripulação da Artemis 3, a missão que levará os americanos de volta à Lua.

Antes da contagem regressiva, dezenas de fãs da exploração espacial viajaram até o parque Isla Blanca, na Ilha South Padre, para observar o teste.

Muitos pequenos barcos de turismo também se aglomeraram em uma lagoa próxima, enquanto uma transmissão ao vivo mostrava Musk sentado na sala de controle da Starbase vestindo uma camiseta com a legenda “Occupy Mars” (“Ocupe Marte”, em tradução livre do inglês).

O australiano Piers Dawson, de 50 anos, disse que estava “obcecado” com o lançamento e planejou suas férias em família em torno do evento — sua primeira viagem aos Estados Unidos, com sua esposa e seu filho adolescente.

“Obviamente, é muito emocionante”, disse Dawson. “Trouxe meu filho de 15 anos. Tirei ele da escola para trazê-lo aqui”, acrescentou.

“Sei que na ciência nunca há um fracasso; tudo se aprende de cada teste, assim que foi super emocionante presenciá-lo”, afirmou Joshua Wingate, um empreendedor do setor de tecnologia de 33 anos de Austin, depois do lançamento.

‘Falhar rápido, aprender rápido’

A Starship já concluiu nove voos de teste acoplada ao propulsor Super Heavy. Além disso, este foi o primeiro voo desde o segundo teste em que ambos os estágios do veículo foram perdidos.

A SpaceX aposta que sua filosofia de “falhar rápido, aprender rápido”, que a ajudou a dominar os voos espaciais comerciais, renderá frutos mais uma vez.

Um ponto positivo: a companhia conseguiu capturar o propulsor Super Heavy nos gigantescos braços robóticos da torre de lançamento três vezes, uma façanha de engenharia audaciosa que considera chave para uma rápida reutilização e redução de custos.

Este nono voo foi o primeiro no qual a SpaceX reutilizou um propulsor Super Heavy, mas optou por não tentar recuperá-lo, e decidiu por um ângulo de descida mais pronunciado e o desligamento intencional de um dos motores.

A agência reguladora de aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) aprovou recentemente um aumento nos lançamentos da Starship — de cinco para 25 por ano —, ao afirmar que o cronograma ampliado não causaria danos ao meio ambiente, uma decisão que prevaleceu sobre as objeções dos grupos conservacionistas preocupados com os impactos em tartarugas e aves marinhas.

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