Tecnologia

Correntes na rede: ingênuas e inúteis

Para psicóloga, compartilhar as mensagens de ‘boa fé’ que infestam as redes sociais faz parte da criação de uma identidade virtual

O ato de compartilhar as mensagens faz parte da criação da identidade virtual do usuário, segundo a psicóloga
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O fenômeno das mensagens virais na internet, as chamadas correntes, é um velho conhecido dos internautas. Elas surgiram  quando os e-mails eram ainda a principal forma de comunicação na web. Nesta época, as correntes eram variadas e com diversos efeitos musicais e de animação. Seu conteúdo se preocupava em reproduzir desde ensinamentos religiosos, udenismo político até piadas de humor raso e pedidos de doação.

Com a popularização das redes sociais (primeiro o Orkut e agora o Facebook), as correntes migraram de plataforma, mas mantiveram a “pegada”: com idas e voltas, elas ainda são presença constante na timeline dos usuários da rede.

Apesar da boa vontade dos internautas, a psicóloga especialista em comportamento de internautas Andrea Jotta aponta problemas na cultura do compartilhamento. “Há uma falta de julgamento para entender que compartilhar uma informação não é algo simples. Isso não pode ser feito sem questionamento”, critica.

Segundo ela, a maioria das correntes nasce de uma brincadeira (trollagem, segundo o vocabulário virtual). Dessa forma, algo que não é real ganha contornos verdadeiros e é repassado por pessoas que compartilham conteúdos de fontes desconhecidas.

O último exemplo desse tipo de distorção é a imagem de uma garota que possui “lapitospirina” e por isso precisaria de ajuda.

A forma de colaborar é simples e cômoda: basta compartilhar a foto. Segundo a imagem, a cada compartilhamento, o Facebook doaria 10 centavos para a família da criança.

A verdade, no entanto, é que não existe nenhuma doença chamada “lapitospirina”.

Além disso, segundo a assessoria do Facebook, a empresa não ajuda com nenhuma doação vinculada a número de compartilhamentos. Ou seja, a corrente foi uma grande trollagem.

A velocidade com que a imagem se espalhou pelas redes socias se explica, segundo Jotta, por uma chantagem emocional que muitas das correntes carregam. “Em muitas correntes se lê a frase ‘se você não fizer isso’ ou ‘ajudem’. O que, em certa medida, funciona muito mais como uma chantagem emocional do que como altruísmo”, conta.

Por outro lado, diz ela, o hábito de compartilhar esse tipo de informação não pode ser entendido como algo ingêuo. “Os ingênuos são uma parcela mínima, a maioria das pessoas segue um movimento de massas para trabalhar a sua identidade na rede”, afirma a psicóloga Andrea Jotta. “Na maior parte das vezes, a questão não se coloca como ‘eu quero fazer o bem’, mas muito mais como algo no sentido de ‘eu tenho medo de ser visto como alguém que não faz o bem’”, explica.

Hoje, a única forma de denunciar as correntes falsas ou que carregam vírus é denunciá-las como spam ou como abusivas por meio de botões presentes no Facebook e no Orkut. No entanto, para a psicóloga, não há ferramenta mais eficiente do que o discernimento do internauta. “O usuário deve entender que o que ele compartilha afeta as pessoas de sua rede, por isso deve vetar conteúdos suspeitos e de fontes duvidosas”, conclui.

O fenômeno das mensagens virais na internet, as chamadas correntes, é um velho conhecido dos internautas. Elas surgiram  quando os e-mails eram ainda a principal forma de comunicação na web. Nesta época, as correntes eram variadas e com diversos efeitos musicais e de animação. Seu conteúdo se preocupava em reproduzir desde ensinamentos religiosos, udenismo político até piadas de humor raso e pedidos de doação.

Com a popularização das redes sociais (primeiro o Orkut e agora o Facebook), as correntes migraram de plataforma, mas mantiveram a “pegada”: com idas e voltas, elas ainda são presença constante na timeline dos usuários da rede.

Apesar da boa vontade dos internautas, a psicóloga especialista em comportamento de internautas Andrea Jotta aponta problemas na cultura do compartilhamento. “Há uma falta de julgamento para entender que compartilhar uma informação não é algo simples. Isso não pode ser feito sem questionamento”, critica.

Segundo ela, a maioria das correntes nasce de uma brincadeira (trollagem, segundo o vocabulário virtual). Dessa forma, algo que não é real ganha contornos verdadeiros e é repassado por pessoas que compartilham conteúdos de fontes desconhecidas.

O último exemplo desse tipo de distorção é a imagem de uma garota que possui “lapitospirina” e por isso precisaria de ajuda.

A forma de colaborar é simples e cômoda: basta compartilhar a foto. Segundo a imagem, a cada compartilhamento, o Facebook doaria 10 centavos para a família da criança.

A verdade, no entanto, é que não existe nenhuma doença chamada “lapitospirina”.

Além disso, segundo a assessoria do Facebook, a empresa não ajuda com nenhuma doação vinculada a número de compartilhamentos. Ou seja, a corrente foi uma grande trollagem.

A velocidade com que a imagem se espalhou pelas redes socias se explica, segundo Jotta, por uma chantagem emocional que muitas das correntes carregam. “Em muitas correntes se lê a frase ‘se você não fizer isso’ ou ‘ajudem’. O que, em certa medida, funciona muito mais como uma chantagem emocional do que como altruísmo”, conta.

Por outro lado, diz ela, o hábito de compartilhar esse tipo de informação não pode ser entendido como algo ingêuo. “Os ingênuos são uma parcela mínima, a maioria das pessoas segue um movimento de massas para trabalhar a sua identidade na rede”, afirma a psicóloga Andrea Jotta. “Na maior parte das vezes, a questão não se coloca como ‘eu quero fazer o bem’, mas muito mais como algo no sentido de ‘eu tenho medo de ser visto como alguém que não faz o bem’”, explica.

Hoje, a única forma de denunciar as correntes falsas ou que carregam vírus é denunciá-las como spam ou como abusivas por meio de botões presentes no Facebook e no Orkut. No entanto, para a psicóloga, não há ferramenta mais eficiente do que o discernimento do internauta. “O usuário deve entender que o que ele compartilha afeta as pessoas de sua rede, por isso deve vetar conteúdos suspeitos e de fontes duvidosas”, conclui.

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