Sustentabilidade

‘Se é um ato terrorista, o que o presidente está fazendo na China?’, diz Greenpeace

Greenpeace questiona estratégia de divulgação de mentiras por parte do governo, e diz que irá processar Salles por alegações falsas

Manifestante em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. (Foto: Adriano Machado / Greenpeace)
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A rotina de ataques coordenados do governo escolheu, dessa vez, a organização Greenpeace como alvo. Bolsonaro os nomeou de ‘terroristas’. Salles, ministro do Meio Ambiente, relacionou um navio de funcionamento elétrico como possível responsável pelo vazamento de petróleo no Nordeste. Sem fundamentos, as mentiras propagadas pelo governo federal devem render, em breve, processos movidos pela organização contra os responsáveis.

“A gente está ajudando a população a limpar a praia com equipes de voluntários do Greenpeace. Se é um ato terrorista, o que o presidente está fazendo na China? Quais medidas ele tomou para proteger a população? O governo tem que responder. O Greenpeace responde pelo Greenpeace”, diz Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas da ONG no Brasil.

Astrini explica que os voluntários do Greenpeace estiveram presentes em praias afetadas pelo óleo desde as primeiras aparições, já que muitos ativistas são também moradores das regiões afetadas.

O navio citado por Salles chama-se Esperanza e faz parte de uma campanha pela proteção dos mares nomeada de “Proteja os Oceanos”. De acordo com os registros da organização, o navio passou o mês de setembro na costa da Guiana Francesa, e apenas entre o dia 6 e 24 de outubro realizou uma navegação para o Uruguai. Além disso, o Esperanza é movido primordialmente à energia elétrica. Nada disso parece ter sido apurado pelo ministro antes das acusações.

“Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano”, disse o ministro. Depois, chegou a reiterar a opinião ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que questionou o ocorrido nas redes sociais.

Segundo o Ibama, 88 municípios e 233 localidades foram afetados pelas manchas de óleo no litoral do Nordeste. Mais de mil toneladas de resíduos recolhidos, apesar de Pernambuco e Alagoas apontarem que já retiraram mais de duas mil toneladas de piche do mar.

Políticos, organizações e especialistas criticam a demora do governo em tomar atitudes mais firmes para conter o desastre. A Câmara protocolou na quarta-feira 23 a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as causas do vazamento de petróleo.

O governo, no entanto, continua com outras preocupações. “É uma declaração leviana e irresponsável. É um fato lamentável, porque enquanto o ministro está extremamente preocupado com um navio do Greenpeace, ele deveria estar preocupado com a população do Nordeste”, diz Astrini.

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