Sustentabilidade

PF faz operação contra suspeitos de terem colocado fogo no Pantanal

O dano ambiental supera mais de 25 mil hectares de terra queimada

PF faz operação contra suspeitos de terem colocado fogo no Pantanal
PF faz operação contra suspeitos de terem colocado fogo no Pantanal
Voluntários procuram por animais feridos no meio da fumaça causada pelas queimadas no Pantanal (Foto: Mauro PIMENTEL / AFP)
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A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira 14 a Operação Matáá, que busca apurar suspeitos de crime ambiental no Pantanal – bioma que já teve mais de 12% de seu território total colocado em chamas devido à maior queimada dos últimos anos.

 

Segundo a PF, os agentes conseguiram monitorar o início do fogo e seu avanço diário nas regiões. Foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão nas cidades de Corumbá e Campo Grande, ambas no Mato Grosso do Sul. As ordens judiciais foram expedidas pelo Juízo da 1ª Vara Federal de Corumbá/MS.

O dano ambiental supera mais de 25 mil hectares de terra queimada, incluindo áreas de preservação e parte do Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense. Entre 2019 e 2020, houve um aumento de 214% nas queimadas entre o começo do ano e o dia 13 de setembro, aponta o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Apesar da dimensão, há apenas 122 homens combatendo o avanço do fogo na região, incluindo militares da Marinha, policiais militares da Sesp, servidores da Sema, Corpo de Bombeiros de MS, servidores do ICMBio e do IBAMA.

Ação humana

Na última semana, o governo do Mato Grosso divulgou resultados das perícias em cinco áreas da região do Pantanal, ao sul do estado, onde ainda ocorrem incêndios florestais. Em nota, o governo afirma que há danos provocados por ação humana intencional.

De acordo com o Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT), na Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc Pantanal (RPPN) – região de Barão de Melgaço, o incêndio foi provocado com o propósito de queimar a vegetação desmatada “para criação de área de pasto para gado.”

Em outro local, denominado Fazenda São José, o fogo começou por causa da “queima de raízes para o uso de fumaça a fim de retirar os favos de mel”, em uma área onde se costuma fazer extração de mel de abelhas silvestres.

A perícia diagnosticou também causas acidentais. Na Fazenda Espírito Santo, a máquina agrícola que fazia limpeza de área e juntava o material colhido para fazer feno “pegou fogo e começou o incêndio na região.”

Na Rodovia Transpantaneira, a causa do incêndio florestal foi um veículo que pegou fogo, após acidente no qual despencou do barranco próximo a uma ponte na estrada. Na Rodovia Helder Cândia, um cabo de alta tensão se rompeu e as faíscas provocaram o incêndio.

A apuração das razões dos incêndios havia sido prometida pelo governador de Mato Grosso, Mauro Mendes.

“A Secretaria estadual do Meio Ambiente tem tecnologias suficientes para identificar minuto a minuto o que acontece no estado de Mato Grosso. Uma região de incêndios dessa nós recuperamos as imagens do Sistema Planet, e nós vamos ter imagens que podem demonstrar quando o fogo começou, aonde ele começou, em que ponto começou”, disse Mendes após fazer vistoria aérea do local no dia 18 de agosto.

De acordo com a Lei nº 9.605/1998, é crime “provocar incêndio em mata ou floresta” com pena de “reclusão, de dois a quatro anos, e multa”.

Cerca de 1,7 milhão de hectares devem ter sido destruídos, no Mato Grosso, por causa de incêndios florestais. Além da ação humana, a vegetação seca e o calor potencializam o surgimento de focos de incêndio no estado.

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