Os países amazônicos decidiram, nesta terça-feira 8, lançar uma aliança regional para combater o desmatamento e evitar que a maior floresta tropical do planeta chegue ao ponto de não retorno.
Os chefes de Estado se reuniram na Cúpula da Amazônia, em Belém (PA). A declaração conjunta, divulgada no início da noite, aponta um acordo para estabelecer a Aliança Amazônica de Combate ao Desmatamento, além de reforçar a cooperação contra o crime organizado na região.
Mais cedo, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs uma espécie de “Otan Amazônica”, a fim de defender a floresta.
“A vida se defende com a razão, mas também com armas, então deveríamos criar uma Otan Amazônica, um tratado de cooperação militar que possa fazer interdições daquilo que opere contra a selva amazônica em todos os nossos países, respeitando nossas soberanias”, afirmou.
A meta da aliança, conforme a declaração, é “promover a cooperação regional no combate ao desmatamento e evitar que a Amazônia atinja o ponto de não retorno, reconhecendo e promovendo o cumprimento das metas nacionais, inclusive as de desmatamento zero”.
Entre os caminhos para atingir o objetivo estão:
- a eliminação da atividade madeireira ilegal;
- o fortalecimento da aplicação da legislação florestal;
- o manejo integrado do fogo para a redução dos incêndios florestais;
- a recuperação e o aumento das reservas de vegetação nativa;
- a promoção da conectividade dos ecossistemas e do intercâmbio de tecnologias e informações;
- a oferta de programas de capacitação para gestores de áreas protegidas e guardas florestais;
- o fortalecimento dos ecossistemas amazônicos diante dos impactos da mudança do clima.
A Cúpula da Amazônia engloba os países da OTCA, organização criada em 1978 e que estava há 14 anos sem uma reunião. Formada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, a OTCA é o único bloco socioambiental da América Latina.
“A Amazônia não é e não pode ser tratada como um grande depósito de riquezas. Ela é uma incubadora de conhecimentos e tecnologias que mal começamos a dimensionar”, disse o presidente Lula na abertura da Cúpula. “Aqui podem estar soluções para inúmeros problemas da humanidade, da cura de doenças ao comércio mais sustentável. A floresta não é um vazio a ser ocupado, nem um tesouro a ser saqueado. É um canteiro de possibilidades que precisa ser cultivado.”
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