Política
Organização da COP16 reconhece ‘ação desproporcional’ contra Txai Suruí após protesto na Colômbia
Ativista brasileira foi contida por seguranças e teve credencial do evento da ONU retirada ao apresentar cartazes contra o Marco Temporal; organização pediu desculpas após intervenção do governo


A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que a organização da COP16, evento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre biodiversidade, reconheceu “ação desproporcional” contra a ativista brasileira Txai Suruí, que foi contida por seguranças e teve a credencial retirada em resposta a um protesto contra o Marco Temporal na quarta-feira 30. O evento acontece em Cáli, na Colômbia.
Marina disse que a própria organização do evento procurou as autoridades do País e formalizou um pedido de desculpas, o que incluiu a devolução das credenciais da ativista.
“Todos nós sentimos por qualquer pessoa que tivesse vivido o que ela [Txai] viveu, mas ela é uma pessoa muito relevante para todos nós. Não é só um símbolo, ela é uma pessoa com uma ação concreta, efetiva na luta dos povos indígenas, dos direitos das mulheres, dos direitos humanos”, disse a ministra, citada pela Agência Brasil.
O episódio aconteceu em um espaço de acesso controlado – ou seja, restrito a pessoas credenciadas. Junto de outros ativistas, Txai levantou cartazes que falavam sobre a Proposta de Emenda Constitucional que tenta estabelecer o Marco Temporal para demarcação de reservas indígenas.
Ao protestar, ela foi cercada por agentes de segurança contratados pelas Nações Unidas e afirma ter sofrido um ferimento em um dos braços. Integrantes da comitiva acionaram as representações da diplomacia brasileira e dos ministérios dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente. Após ser levada para uma sala de atendimento médico, Txai foi liberada.
“Ela me pegou pelo braço e minhas mãos estão pintadas com tinta, que simboliza nosso sangue. E ela falou: ‘você me sujou’. Aí torceu meu braço. Foi quando comecei a gritar por socorro. Fiquei assustada, não esperava”, disse a ativista ao UOL.
O caso acendeu um alerta no governo brasileiro. O País recebe, em 2025, a COP30, em Belém. “Obviamente que nós tomamos isso como um sinal para que tenhamos todos os cuidados, porque vamos ter uma COP em Belém que vai ter centenas de milhares de populações indígenas e de outros movimentos fazendo manifestações”, disse Marina Silva.
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