Política

Não cabe composição política em decisão técnica, diz presidente do Ibama sobre explorar petróleo no Amazonas

‘Muitas vezes a gente vai tomar decisões que vão agradar um grupo de pessoas’, reforçou Rodrigo Agostinho

Não cabe composição política em decisão técnica, diz presidente do Ibama sobre explorar petróleo no Amazonas
Não cabe composição política em decisão técnica, diz presidente do Ibama sobre explorar petróleo no Amazonas
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados
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O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse nesta terça-feira 23 não caber composição política em decisões técnicas e descartou uma negociação neste momento com a Petrobras sobre a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. A declaração foi concedida antes de uma reunião convocada pela Casa Civil para discutir o tema.

“Não cabe negociação neste momento, mas nada impede que a Petrobras possa reapresentar o pedido”, disse Agostinho. “Eu emito 3 mil licenças por ano, não tenho como ficar em cada licença chamando todas as partes, buscando uma composição, porque não cabe composição [política] em decisões que são técnicas. Muitas vezes a gente vai tomar decisões que vão agradar um grupo de pessoas, desagradar outro grupo de pessoas.”

A reunião ocorre na esteira da crise aberta com a negativa do Ibama à licença solicitada pela petrolífera para perfurar o bloco FZA-M-59, na bacia da foz do Amazonas, considerado o “novo pré-sal” do País. Além de Agostinho, participam do encontro representantes da Petrobras e os ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

O documento técnico diz que o projeto da Petrobras apresentou “inconsistências preocupantes” para uma operação em área de “alta vulnerabilidade socioambiental”. Impactos em três terras indígenas em Oiapoque também não foram devidamente explicados, acrescentou o Ibama. A empresa informou que recorrerá da decisão.

A jornalistas, o presidente do Ibama também lembrou que o órgão já concedeu mais de duas dezenas de licenças favoráveis à Petrobras, mas, no caso atual, a petrolífera apresentou por oito vezes complementações nos estudos e “elas não foram suficientes para comprovar a viabilidade do projeto”.

“Isso vai acontecer daqui para frente [liberações e negativas], teremos grandes licenciamentos neste ano e em muitos casos a licença será favorável e em outros tantos será negativa. É do jogo, faz parte do sistema de licenciamento ambiental a gente poder fazer uma boa avaliação e tomar a decisão da melhor forma.”

Agostinho ainda garantiu que a equipe técnica do instituto não revisará o parecer contrário à exploração se a Petrobras não aprofundar os estudos de impacto ambiental.

“A Petrobras pode a qualquer momento fazer uma nova solicitação de licença. Não estamos fechando portas, mas vamos continuar debruçados tecnicamente e as respostas serão técnicas no âmbito do processo”, acrescentou, ressaltando que o instituto não desempenha papel de “cartório”, a chancelar pedidos de licenciamento sem analisá-los criteriosamente.

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