Sustentabilidade
MPF investiga impactos de fusão entre ICMBio e Ibama, alvo de grupo de Salles
O grupo de trabalho formado pelo ministro conclui ‘análise’ em fevereiro, sem debater possíveis danos à preservação do meio ambiente
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2020/10/48013692038_5112372223_k-1.jpg)
Diante de uma possível fusão entre o ICMBio e o Ibama, as duas principais autarquias ligadas ao Ministério do Meio Ambiente, o Ministério Público Federal do Amazonas investiga a falta de transparência do grupo criado pelo ministro Ricardo Salles para “estudar” a questão e os riscos de desmonte ambiental.
O inquérito do MPF menciona “potencialidade de impacto da eventual fusão do instituto com o Ibama, sobretudo sobre as atividades finalísticas desenvolvidas na Amazônia”. No próximo dia 1º de fevereiro, o MPF realiza uma audiência pública sobre os estudos de fusão das autarquias com transmissão ao vivo, pelo YouTube, a partir das 9h.
O grupo se reúne desde outubro de 2020, quando Salles publicou medida provisória para averiguar a “análise de sinergias e ganhos de eficiência em caso de fusão” entre os órgãos.
As atas das reuniões, obtidas pelo portal OEco, mostram a ausência absoluta de membros da sociedade civil e de especialistas ambientais para participar do debate.
Com exceção do presidente do Ibama Eduardo Bim, que é procurador de carreira da Advocacia Geral da União, todos os outros participantes são militares – cinco da Polícia Militar de São Paulo e um oficial da reserva do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.
Alguns encontros chegam a desrespeitar as próprias regras do Grupo de Trabalho, que exigia a presença mínima de quatro integrantes. Entre os tópicos abordados, estão logística em recursos humanos e materiais, análise de dados geográficos e espaciais, governança, padronização de planilhas e debates sobre regimentos internos. Não há menção a impactos decorrentes da fusão dos dois órgãos.
A duração do grupo de trabalho é estimada em quatro meses, o que se encerra em fevereiro e coincide com a eleição dos próximos presidentes das casas legislativas no Congresso. Ao fim do período, o grupo deverá elaborar “relatório circunstanciado sobre o tema” para entregar a Salles.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.