Sociedade
Mais de 90% das terras indígenas da Amazônia Legal enfrentam seca, aponta estudo
Segundo InfoAmazônia, números cresceram em relação ao ano passado


A cada dez terras indígenas (TI) na Amazônia Legal, nove foram atingidas pela seca. O quadro é referente ao último mês de julho e foi traçado em um levantamento da InfoAmazonia.
Segundo a publicação, que utilizou dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a seca atingiu 358 dos 388 territórios na região, o que representa um percentual de 92%.
O número é sensivelmente mais alto do que o registrado em julho do ano passado, quando 260 terras indígenas da Amazônia Legal foram atingidas pela seca. Ou seja, um percentual 37% menor do que o captado em julho de 2024.
Nos últimos meses, o Brasil vem enfrentando uma seca generalizada, envolvendo territórios não apenas da Amazônia Legal, mas do Pantanal e do Sudeste do País.
No caso da Amazônia, o último mês de julho registrou dezessete terras indígenas em situação de seca extrema. Em termos de comparação, apenas uma TI recebeu classificação de seca extrema em julho de 2023.
Em julho deste ano, 53,6% das terras indígenas da Amazônia Legal passaram por situação de seca severa. O percentual é mais de cinco vezes maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando ficou em 10,3%.
Nesse contexto, 41% das TIs foram classificadas como seca moderada ou fraca neste ano. Em julho do ano passado, foram 73,8% dos territórios nessa condição. Na prática, a seca severa se intensificou neste ano, tomando a maioria dos territórios da Amazônia Legal.
Os números coincidem com outros dados do Cemaden que vêm mostrando que o Brasil sofre, neste ano, com o maior número de incêndios florestais da sua história recente. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foram mais de 7 mil focos de calor na Amazônia em agosto. O montante é quase o dobro do registrado no ano passado.
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