Sustentabilidade

IA potencializa desinformação climática antes da COP30 no Brasil, destaca relatório

O estudo foi elaborado pela coalizão de ONGs ‘Climate Action Against Disinformation’ (CAAD) e o Observatório da Integridade da Informação (OII)

IA potencializa desinformação climática antes da COP30 no Brasil, destaca relatório
IA potencializa desinformação climática antes da COP30 no Brasil, destaca relatório
Belém será a sede da COP30. Foto: Rodrigo Pinheiro/Agência Pará
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As informações falsas que negam as mudanças climáticas foram ampliadas pela Inteligência Artificial (IA) à medida que se aproxima a COP30 no Brasil, alerta um relatório publicado nesta quinta-feira 6 sobre a tendência que fomenta a hostilidade contra os cientistas.

O relatório, elaborado pela coalizão de ONGs ‘Climate Action Against Disinformation’ (CAAD) e o Observatório da Integridade da Informação (OII), adverte que a desinformação relacionada à cúpula das Nações Unidas sobre o clima aumentou 267% entre julho e setembro.

Entre os exemplos recentes está um vídeo que supostamente mostra inundações em Belém, a cidade do Pará que receberá a COP30 de 10 a 21 de novembro. As imagens, no entanto, foram criadas com IA.

A CAAD e a OII destacam uma tendência crescente ao longo de 2025 no uso desse tipo de conteúdo para enganar as audiências nas redes sociais com imagens falsas ou que não têm relação com o encontro de cúpula.

O vídeo publicado em junho no TikTok que mostra Belém inundada ainda está disponível na plataforma de vídeos curtos, apesar das denúncias apresentadas pelos pesquisadores.

O problema é que “o jornalista não existe, as pessoas não existem, a inundação não existe e a cidade não existe”, resumiu o OII.

No início do ano, a AFP investigou um documento atribuído ao Grok 3, a IA do proprietário da rede social X, Elon Musk. Ainda disponível online, o texto rejeita de maneira equivocada a credibilidade dos modelos climáticos apresentados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), o grupo de cientistas designado pelas Nações Unidas para estudar o clima.

Este tipo de informação falsa pode resultar em campanhas de intimidação contra cientistas e ativistas, aponta Carlos Milani, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), citado no relatório.

O ativismo dos céticos das mudanças climáticas com grandes doses de IA ocorre em um contexto no qual a opinião pública é majoritariamente favorável à defesa do meio ambiente, ao contrário do mundo político, destaca a CAAD.

O relatório apresenta um sinal de esperança para a COP30, já que a integridade da informação foi incluída pela primeira vez na agenda oficial. “Finalmente seguimos na direção correta”.

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