Greta Thunberg protesta contra Ricardo Salles: “Nosso futuro é um jogo para eles”

Ministro do Meio Ambiente sugeriu que governo aproveite a pandemia para 'passar a boiada' e promover reformas ambientais

A ativista europeia Greta Thunberg. Foto: World Economic Forum/Manuel Lopez

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A ativista sueca Greta Thunberg demonstrou indignação com a sugestão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre aproveitar a pandemia para “ir passando a boiada” e simplificar leis ambientais.

Em sua rede social, Greta escreveu neste sábado 23 a hashtag #SalvemAAmazônia e acusou Salles de “jogar” com o futuro ambiental do planeta.

“Imagine as coisas que foram ditas fora da câmera… Nosso futuro comum é apenas um jogo para eles”, disse a jovem.

Greta compartilhou, em sua postagem, uma publicação da agência Reuters sobre a sugestão de Salles. A frase foi amplamente reportada pela imprensa internacional.

A declaração de Salles veio a público após o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgar o vídeo de uma reunião ministerial ocorrida em 22 de abril, com o presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, Salles afirmou que o governo deveria avançar nas reformas ambientais, porque a imprensa está concentrada em cobrir a pandemia do novo coronavírus e, portanto, o momento é de “tranquilidade”.

Entidades ambientais também reagiram à fala de Salles. Em nota, o Greenpeace Brasil defendeu a demissão imediata de Salles e acusou o seu posicionamento de “desumano e vergonhoso”. Para a organização, o ministro usa o sofrimento e as mortes das vítimas da pandemia para avançar, de forma violenta, com políticas de destruição do meio ambiente.

“O desmatamento da Amazônia aumentou 30% em 2019 e, nos primeiros meses de 2020, os alertas já apontam crescimento de 62%. Mas ao invés de proteger a floresta e seus povos, o Ministro sugere usar as mortes provocadas pela pandemia para encobrir o projeto de destruição do governo e avançar com as medidas anti-ambientais, sem diálogo com a sociedade. Salles defendeu de maneira firme o uso do momento crítico que vivemos para beneficiar seus interesses sombrios”, escreve a organização.

A organização World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil) considerou “inaceitável” que Salles use a morte de milhares de brasileiros para agir na ilegalidade. Para a entidade, Salles expôs sua consciência de que suas propostas são irregulares e, portanto, se ressente da ameaça que a Justiça pode trazer às suas intenções.

“Expõe que age contra os interesses nacionais, na surdina, alheio à uma ampla discussão que abarque os anseios da sociedade. O Brasil precisa de um ministro à altura da importância que o Meio Ambiente tem para o país. É imprescindível que as devidas providências legais sejam aplicadas”, diz a nota da instituição.

O Observatório do Clima também defendeu a queda de Salles “por tramar contra a própria pasta”. Para a entidade, o ministro age com desvio de finalidade e promove a degradação ambiental.

“Assistimos nesta sexta-feira 22 a um ministro de Estado declarando sua intenção de destruir o meio ambiente no país aproveitando-se de uma catástrofe que parou o Brasil e mata dezenas de milhares de brasileiros. Um ministro não apenas disposto a desmontar os regramentos da própria pasta, mas conclamando todo o governo a fazer o mesmo e pedindo proteção da Advocacia-Geral da União (AGU)”, manifestou-se.

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