Sustentabilidade

Em Rondônia, vítimas da fumaça do fogo na Amazônia lotam hospitais

Em um hospital de Porto Velho, crianças e idosos são os que mais chegam em busca de atendimento por problemas respiratórios

Foto: Esio Mendes
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Os dias passam e o fogo na Amazônia não dá sinais de se retrair, apesar da atuação dos bombeiros. Na quinta-feira 29, o presidente Jair Bolsonaro proibiu novas queimadas agrícolas por 60 dias, na expectativa de frear a multiplicação dos incêndios. Em Rondônia, um dos Estados mais afetados pelo problema, os hospitais lotam de pacientes com problemas respiratórios, causados pela fumaça que vem da floresta.

A intensidade da nuvem de fumaça baixou após a chegada da chuva, mas o céu de Porto Velho ainda está coberto pela fumaça. Nas ruas da cidade, a tensão social e política que reina no Brasil é palpável: tanto os bombeiros quanto representantes do Ibama estão proibidos de falar com a imprensa oficialmente. Ambientalistas e representantes de organizações indígenas denunciam ameaças recebidas de apoiadores do presidente Bolsonaro.

Em um hospital de Porto Velho visitado pela redação de RFI, crianças e idosos são os que mais chegam em busca de atendimento por problemas respiratórios em consequência das queimadas na região. Os pacientes recebem oxigênio no corredor principal do hospital, como o idoso Vitório, que teve de parar o trabalho na lavoura por falta de fôlego.

“Estou há mais de uma semana com sintomas parecidos com os de gripe. Não consigo trabalhar porque tem fumaça demais”, conta o trabalhador rural. “Estou com a voz rouca e ela não era assim antes”, afirma, antes de interromper a conversa para receber oxigênio.

Perto da floresta, mas sem ar puro

O enfermeiro Roberto explica que, a cada temporada das secas, o número de pacientes com esses sintomas cresce – mas, neste ano, constata que há mais casos. “Recebemos mais pessoas com problemas respiratórios, e mais casos graves também. Tivemos pacientes muito jovens que tivemos de entubar imediatamente porque eles corriam risco de morte”, afirma Roberto. “Não havia isso nos anos anteriores. O ar está mais seco e tem mais fumaça, porque tem mais fogo. A gente imagina que, por morar perto da floresta, o ar seria mais puro. Mas aqui, na Amazônia, as pessoas têm muitos problemas respiratórios e deveria ser o contrário.”

O profissional percebe uma sensação de abandono pela população: o tema das queimadas na Amazônia não sai dos jornais e dos discursos dos políticos, mas nenhuma medida preventiva para os próximos anos foi anunciada até agora – nem para conter os incêndios, tampouco para atender melhor os pacientes.

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