Mundo
Desmatamento desacelera no mundo, mas ainda se propaga rápido no Brasil, alerta FAO
A preservação das florestas será tema central da COP30, em Belém, ocasião em que o governo deve ampliar a pressão pela criação de um fundo global de proteção da flora


Os desmatamentos e incêndios que reduzem a superfície florestal mundial diminuíram seu ritmo, mas ainda se propagam muito rapidamente, especialmente no Brasil, informou nesta terça-feira 21 a FAO, a organização da ONU para a Alimentação e Agricultura.
Considerando as plantações florestais, a “perda líquida” de florestas foi de 4,12 milhões de hectares por ano no período de 2015-2025, ou seja, duas ou três vezes menos do que entre 1990 e 2000.
No entanto, “os ecossistemas florestais do mundo continuam enfrentando grandes dificuldades, com um ritmo de desmatamento ainda muito elevado, de 10,9 milhões de hectares por ano”, destacou a FAO em um comunicado sobre sua Avaliação dos Recursos Florestais Mundiais, realizada a cada cinco anos.
Isso equivale a mais de 12 km² de florestas destruídas por hora.
A FAO, aludindo à complexidade das dinâmicas do uso da terra, não apresenta razões detalhadas para explicar o desmatamento. A maior parte ocorre nas zonas tropicais, onde se concentra 88% do desmatamento mundial, e particularmente na Amazônia, onde a agricultura exerce a maior pressão.
O Brasil é responsável por mais de 70% desta perda líquida, com 2,94 milhões de hectares por ano, embora abrigue 12% das florestas do planeta.
“O Brasil informou sobre uma redução importante no ritmo de perda líquida de florestas”, destaca a FAO. Ela quase se reduziu pela metade (-49%) em comparação com a última década do século XX.
Segundo o observatório Global Forest Watch, a destruição das florestas tropicais virgens atingiu em 2024 um ritmo nunca visto desde 2002, principalmente devido às queimadas.
Por outro lado, em 2023, a Amazônia se beneficiou das medidas de proteção impulsionadas pelo governo brasileiro.
Em novembro, o país será anfitrião da COP30, a conferência da ONU sobre o clima, que acontecerá em Belém do Pará, onde as florestas serão um dos temas centrais.
O Brasil propõe a criação de um fundo para as florestas tropicais (TFFF), destinado a financiar a proteção florestal frente às pressões econômicas.
As florestas “constituem o habitat de grande parte da biodiversidade do planeta, ajudam a regular os ciclos globais do carbono e da água, e podem reduzir os riscos e impactos das secas, da desertificação, da erosão do solo, dos deslizamentos de terra e das enchentes”, escreveu o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu.
Atualmente, as florestas cobrem 4,14 bilhões de hectares, ou seja, 32% da área terrestre. Cinco grandes países reúnem mais da metade das florestas do mundo: Rússia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e China.
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