Sustentabilidade

Brasil volta ao jogo em encontro de Ciência e Tecnologia do G20

Anfitriã da oitava edição do evento, a Academia Brasileira de Ciências pediu urgência no cumprimento dos compromissos firmados há nove anos no âmbito da Agenda 2030 da ONU

Foto: Nelson ALMEIDA / AFP
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Após um primeiro ano de governo marcado pelos esforços de retomada das políticas públicas em ciência e pela revitalização dos principais mecanismos de financiamento para o setor, a comunidade científica brasileira quer aproveitar o exercício da presidência do G20 em 2024 para recuperar o terreno perdido em um cada vez mais acirrado mercado global. Anfitriã da oitava edição do Science20 (S20), fórum que reúne as academias de ciência dos países integrantes do bloco, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) seguiu a estratégia de recolocar o Brasil em um papel de liderança no setor e pediu urgência no cumprimento dos compromissos firmados há nove anos no âmbito da Agenda 2030 da ONU, que prevê medidas para redução da desigualdade e da pobreza e proteção do meio ambiente, entre outras.

Concluída na terça-feira 12 no Rio de Janeiro, a Reunião de Iniciação do S20 – a reunião de cúpula acontecerá em julho – teve cinco eixos de discussão: Bioeconomia, Inteligência Artificial, Transição Energética, Justiça Social e Saúde. Os debates e atividades foram coordenados pela presidente da ABC, Helena Nader. Participaram do encontro academias de ciências de África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Japão, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, além da Academia Europaea, representando a União Europeia. Pela primeira vez, organizações científicas multinacionais foram convidadas a participar do processo de discussões do S20, que contou com representantes de entidades como Parceria InterAcademias (IAP), Conselho Internacional de Ciência (ISC), Academia Mundial de Ciências (TWAS), Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS) e Associação de Academias e Sociedades de Ciências da Ásia (AASSA).

“Faltam apenas seis anos até o prazo final estabelecido pela Agenda 2030 e há muita preocupação por estarmos ainda longe das metas acordadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, diz Nader. Durante o S20, a presidente da ABC afirmou a necessidade de que as discussões “tenham sempre olhar para os impactos à sociedade” e ressaltou a importância do avanço nas discussões científicas sobre as diferenças demográficas entre os países: “A conscientização sobre aspectos demográficos é fundamental para que os países do G20 tomem decisões informadas que moldem o bem-estar de seus cidadãos, impulsionem a prosperidade econômica e contribuam para o desenvolvimento sustentável global”.

A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, reforçou a necessidade de cooperação internacional para lutar contra a desigualdade científica e tecnológica entre ricos e pobres. Santos citou o relatório da ONU que aponta que os países da América Latina, do Caribe e da África Subsaariana são menos preparados para adotar ou adaptar tecnologias de ponta, além de correrem o risco de perder as atuais oportunidades tecnológicas de transição a um mundo de baixo carbono como, por exemplo, a bioeconomia ou a inteligência artificial: “A acelerada evolução dos sistemas de IA tem provocado debates intensos, centrados especialmente nos modelos generativos, seus riscos e benefícios. Esses debates, no entanto, frequentemente ignoram a concentração em poucos países e empresas de capacidades, base de dados e infraestrutura computacional, fatores que, somados, representam a ameaça de que países em desenvolvimento não colham os benefícios dessa revolução tecnológica”, disse.

Desde 2017, os debates do S20 ocorrem anualmente, sempre coordenados pelo país que preside o grupo, e suas recomendações são apresentadas oficialmente para consideração na reunião de Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo do G20. As reuniões anteriores aconteceram na Alemanha (2017), Argentina (2018), Japão (2019), Arábia Saudita (2020), Itália (2021), Indonésia (2022) e Índia (2023). Helena Nader diz que a comunidade científica brasileira está orgulhosa de ver o País de volta ao cenário global: “Estamos buscando trabalhar multilateralmente com os países para construir soluções para os problemas globais, sobretudo depois de um período turbulento em que o Brasil enfrentou, junto à pandemia, discursos de desconfiança na ciência e em vacinas, assim como enfrentou ameaças à nossa jovem democracia, que foi restabelecida em 1985”.

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