Amazônia perdeu o equivalente uma França em áreas florestais, aponta estudo

Levantamento do MapBiomas mostra ainda que o desmatamento cresceu em 120% após a aprovação do Código Florestal

Imagem: Bruno Kelly/Amazônia Real

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Na última década, a Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de floresta, segundo o levantamento do MapBiomas divulgado nesta quinta-feira 31. A área, que equivale a toda região da França, foi convertida para uso humano e para a agropecuária entre os anos de 1985 a 2022.

O fato é contraditório, uma vez que a pesquisa observou que o tamanho do bioma diminuiu com mais expressão depois da aprovação do Código Florestal Brasileiro.

Mesmo com a obrigatoriedade do Código em se preservar permanentemente áreas sensíveis e de criar a reserva legal para manter uma parcela da vegetação nativa em propriedades rurais, a perda de vegetação nativa se intensificou em todos os biomas. 

Antes da aprovação do Código, entre 2008 a 2012, a perda de vegetação nativa nos biomas era de 5,8 milhões de hectares. Nos cinco anos seguintes à aprovação do código, a perda aumentou para 8 milhões. E já nos últimos 5 anos, de 2018 a 2022, alcançou 12,8 milhões de hectares. O que significa um aumento de 120% em relação aos primeiros dados coletados de 2008 a 2012.

Em relação as áreas de todos os biomas brasileiros, a perda na década foi de 96 milhões de hectares de vegetação nativa, o que equivale a 2,5 vezes de todo o território alemão. A Amazônia e o Cerrado foram os mais impactados.

O apetite do agro pela floresta

O maior motivo detectado para tamanho desmate é o uso da terra para atividades agropecuárias. Em todo o País, a área ocupada pelo setor está em um terço do território nacional. As pastagens significam 61,4 milhões de hectares na década investigada, e a agricultura, sobre 41,9 milhões.


Na Amazônia, a área ocupada pelo agro saltou de 3% para 16%. O Pampa e o Cerrado foram os mais atingidos, com aumento de 15% e 16% respectivamente. Atualmente, no Cerrado, as atividades agropecuárias ocupam metade do bioma.

“O Pantanal e o Pampa são exemplos de biomas naturalmente aptos para a pecuária, pois seus campos são como pastagens naturais. Nos dois casos, o avanço da soja representa uma degradação do bioma”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas. 

Os estados com maior proporção do território ocupado com agricultura são o Paraná, com 39%, e o Rio Grande do Sul, com 36%. Já o Sergipe e Alagoas são os estados com maior proporção de pastagem no território, 62% e 52% respectivamente.

O único estado que manteve a área de vegetação nativa foi São Paulo, e o Rio de Janeiro contou com aumento de 1% na vegetação nativa.

E como ficam as terras indígenas?

As terras indígenas representam 19% de toda vegetação nativa do país e é responsável pela maior taxa de preservação. As imagens via satélite mostraram que apenas 1% da área de mata que fica em reserva indígena foi desmatada.

A população que convive com intensos conflitos com o setor agrário e com a grilagem de terras, enfrentam nos últimos meses, o julgamento sobre o Marco Temporal que pode incidir diretamente sobre a permanência ou saída de parte dos indígenas em seus territórios.

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