O nome da youtuber mineira Laura Sabino, de 21 anos, ganhou destaque nas redes sociais nos últimos dias. E não foi por conta do conteúdo de seu canal, que fala sobre socialismo e políticas de esquerda. A estudante de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi associada a um vídeo pornô e começou a receber ataques machistas nas redes sociais.
“No começo da semana, eu acordei e vi vários comentários em minhas fotos de homens com conteúdo pornográfico e bem pesado. Depois me avisaram que tinha um vídeo pornô com uma menina ruiva circulando no whatsapp e estavam dizendo que era eu”, conta Laura em conversa com CartaCapital.
A estudante, então, usou o seu perfil no Twitter para desmentir o post que a associa com a gravação.
Está circulando um vídeo pornô de uma menina ruiva q estão dizendo q sou eu.NÃO SOU EU.
P além do trabalho q faço aqui tenho pai,família,faculdade e uma vida social q pode ser prejudicada por causa desse tipo de coisa. Se ver isso circulando me envia no privado e n compartilhem
— Laura Sabino (@mylaura_m) September 8, 2020
“Depois da repercussão piorou muito. Muita gente continua me mandando mensagem como se o vídeo fosse real. Portais de direita começaram a fazer notícia como se fosse verdade. Isso tem atingido minha família. É muito horrível, eu estou péssima”, relata Laura.
Machismo e extremismo
Na opinião de Laura, os ataques decorrem do machismo e da intolerância política.
“Eu acredito que tem a ver com o fato de eu ser de esquerda e rebater livros de direita. Sempre que lanço vídeo, acaba gerando esse tipo de ataque, mas dessa vez passou do limite”, afirma.
Em um dos vídeos, postado no dia 3 de setembro, Laura rebate a obra “O Livro Negro do Comunismo”, obra muito utilizada pela extrema-direita para atacar comunistas. “Se eu tivesse falando sobre cabelo ou maquiagem não estariam me atacando dessa forma”, diz.
Militância ainda na escola
O canal de Laura, que conta com mais de 37 mil inscritos, começou quando ela ainda estava na escola. “Eu cresci no meio do movimento social. Em determinado momento percebi que as pessoas da minha idade estavam com um discurso liberal e entreguista. Quando vi apoio à ditadura militar, eu resolvi criar o canal para dialogar sobre a esquerda com uma linguagem mais simples e acessível”, conta.
A youtuber não chegou a registrar um boletim de ocorrência, mas pediu nas redes sociais que todos que tivessem acesso ao material denunciassem o conteúdo.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login