Saúde
Virologista Amilcar Tanuri morre aos 67 anos
Primeiro servidor da UFRJ a ser vacinado contra a Covid-19, Amilcar tentava elucidar a resposta imune de pacientes brasileiros à infecção pelo coronavírus


O virologista e pesquisador Amilcar Tanuri morreu nesta sexta-feira 26, aos 67 anos, de complicações no coração devido à diálise. Membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Amilcar foi professor-titular e chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Desde 2000, era consultor da Organização Mundial da Saúde para a rede de pesquisa sobre a resistência do HIV aos medicamentos (HIV ResNet). Tinha experiência na área de genética, com ênfase em genética molecular e de microorganismos, atuando principalmente nos temas: HIV-1, diversidade genética e subtipos de HIV, resistência do vírus às drogas, além de também pesquisar sobre o vírus da zika e a microcefalia.
Nascido em 1958, no Rio de Janeiro, Amílcar Tanuri ingressou no curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1977, seguindo no mestrado e doutorado na mesma instituição. Em 1990, defendeu o doutorado, sob a orientação do Acadêmico Darcy Fontoura de Almeida. Fez especialização em genética molecular pela Universidade de Sussex, na Inglaterra, e pós-doutorado, de 1996 a 1998, pelo Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em Atlanta, nos Estados Unidos.
Primeiro servidor da UFRJ a ser vacinado contra a Covid-19, Amilcar tentava elucidar a resposta imune de pacientes brasileiros à infecção pelo novo coronavírus. Ele e sua equipe procuram tornar o processo de imunização mais seguro e duradouro através de técnicas de edição ultraprecisa do DNA, editando o código genético da covid-19 para torná-lo menos virulento e responsivo aos antivirais.
A Academia Brasileira de Ciências e a Fiocruz, onde foi consultor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, lamentaram a morte do médico. “Tanuri atuou como uma grande referência científica no campo da virologia e da biologia molecular para Bio-Manguinhos”, registrou a Fiocruz.
A presidenta da ABC, Helena Nader, se manifestou. “A ciência brasileira perde hoje não apenas um grande cientista, mas também um brasileiro profundamente comprometido com a saúde pública. Um batalhador incansável, sempre empenhado em tornar tecnologias de ponta acessíveis pelo SUS e dedicado à promoção da equidade.”
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