Sociedade

Violência: mais uma noite de terror em SP

Onze pessoas morreram em mais um capítulo da escalada iniciada após as mudanças de estratégia de segurança em SP

Polícia Militar realiza abordagens em bairros na zona norte da cidade como parte da Operação Saturação. Foto: Agência Brasil
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Mais uma noite de terror na região metropolitana de São Paulo. Durante a madrugada, 11 pessoas morreram (quatro numa mesma chacina), sete foram baleadas e um cobrador ficou gravemente ferido após criminosos incendiarem um ônibus na zona sul da capital.

O saldo da escalada da violência tem na conta mais de 90 policiais militares mortos neste ano. A situação ficou mais tensa a partir de duas semanas atrás. Desta vez, ao menos nove pessoas foram baleadas desde a noite de quinta-feira na zona sul. De acordo com a Folha de S. Paulo, cinco dessas vítimas foram encontradas em ruas a aproximadamente 3 quilômetros de distância uma da outra. Elas foram levadas a um hospital, mas só duas sobreviveram.

Ainda segundo o jornal, homens em uma moto atiraram contra um grupo de pessoas no Jardim das Imbuias por volta das 19h30. Um homem tentou fugir e foi morto a tiros. Três pessoas foram baleadas e levadas a um pronto-socorro.

Em Santo André a polícia registrou duas chacinas por volta das 23h30. Em Santana de Parnaíba, duas pessoas morreram a tiros na praça Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e um homem foi baleado no braço.

Os assassinatos engordam as estatísticas de um estado onde, desde o começo do ano, mais de 3.536 pessoas morreram. Reportagem publicada na edição desta semana de CartaCapital mostra como o  governo paulista, que tratava como casos isolados os assassinatos de policiais e as execuções, agora admite que as ações foram orquestradas pelo PCC. Sobretudo após a revelação de uma carta na qual a facção dava a “todos os irmãos da rua” as ordens que deveriam seguir a partir de agosto. Para cada integrante do PCC abatido pela polícia, dois PMs deveriam ser executados.

Na reportagem, o conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Renato Sérgio de Lima alerta que a crise paulista não deve ser encarada como uma questão meramente conjuntural, relacionada à emergência de uma facção criminosa que se impõe pelo medo. “São Paulo é o estado que mais investe recursos na área: 12,2 bilhões de reais. Mas há graves problemas estruturais que acabam por desperdiçar boa parte desse dinheiro”, afirma. “As polícias civil e militar não cooperam entre si. O mesmo ocorre com a Polícia Federal em relação às polícias estaduais. Há sobreposição de atribuições e ainda não temos uma legislação que define claramente o papel de cada força. É por isso que as crises se repetem de tempos em tempos.”

Por trás da recente crise, mostra a matéria, está uma mudança de estratégia conduzida pelo secretário Ferreira Pinto. Quando assumiu a Segurança Pública, ele optou por usar a Polícia Militar, corporação da qual foi oficial, para lidar com as informações coletadas em interceptações telefônicas feitas pelo Ministério Público e pela Secretaria da Administração Penitenciária. Os policiais civis foram postos de lado na investigação dos crimes planejados nos presídios. Com as informações em primeira mão, os PMs passaram a assumir as grandes operações de combate ao tráfico, resultando numa série de confrontos entre a polícia e os criminosos, sobretudo quando a Rota tomava a dianteira.

“A Rota quebrou uma regra elementar de convivência com os criminosos, ao não garantir a vida do bandido que se entrega. A reação do PCC foi imediata”, diz Guaracy Mingardi, ex-subsecretário nacional de Segurança Pública.. “O pior é que o governador, com essa declaração, e ao nomear para o comando da Rota dois coronéis linha-dura, réus no processo do Carandiru, sinalizou que não pretende mudar. O que nos deixa sem saber até quando o ressentimento e a vingança vão alimentar essa guerra.”

Mais uma noite de terror na região metropolitana de São Paulo. Durante a madrugada, 11 pessoas morreram (quatro numa mesma chacina), sete foram baleadas e um cobrador ficou gravemente ferido após criminosos incendiarem um ônibus na zona sul da capital.

O saldo da escalada da violência tem na conta mais de 90 policiais militares mortos neste ano. A situação ficou mais tensa a partir de duas semanas atrás. Desta vez, ao menos nove pessoas foram baleadas desde a noite de quinta-feira na zona sul. De acordo com a Folha de S. Paulo, cinco dessas vítimas foram encontradas em ruas a aproximadamente 3 quilômetros de distância uma da outra. Elas foram levadas a um hospital, mas só duas sobreviveram.

Ainda segundo o jornal, homens em uma moto atiraram contra um grupo de pessoas no Jardim das Imbuias por volta das 19h30. Um homem tentou fugir e foi morto a tiros. Três pessoas foram baleadas e levadas a um pronto-socorro.

Em Santo André a polícia registrou duas chacinas por volta das 23h30. Em Santana de Parnaíba, duas pessoas morreram a tiros na praça Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e um homem foi baleado no braço.

Os assassinatos engordam as estatísticas de um estado onde, desde o começo do ano, mais de 3.536 pessoas morreram. Reportagem publicada na edição desta semana de CartaCapital mostra como o  governo paulista, que tratava como casos isolados os assassinatos de policiais e as execuções, agora admite que as ações foram orquestradas pelo PCC. Sobretudo após a revelação de uma carta na qual a facção dava a “todos os irmãos da rua” as ordens que deveriam seguir a partir de agosto. Para cada integrante do PCC abatido pela polícia, dois PMs deveriam ser executados.

Na reportagem, o conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Renato Sérgio de Lima alerta que a crise paulista não deve ser encarada como uma questão meramente conjuntural, relacionada à emergência de uma facção criminosa que se impõe pelo medo. “São Paulo é o estado que mais investe recursos na área: 12,2 bilhões de reais. Mas há graves problemas estruturais que acabam por desperdiçar boa parte desse dinheiro”, afirma. “As polícias civil e militar não cooperam entre si. O mesmo ocorre com a Polícia Federal em relação às polícias estaduais. Há sobreposição de atribuições e ainda não temos uma legislação que define claramente o papel de cada força. É por isso que as crises se repetem de tempos em tempos.”

Por trás da recente crise, mostra a matéria, está uma mudança de estratégia conduzida pelo secretário Ferreira Pinto. Quando assumiu a Segurança Pública, ele optou por usar a Polícia Militar, corporação da qual foi oficial, para lidar com as informações coletadas em interceptações telefônicas feitas pelo Ministério Público e pela Secretaria da Administração Penitenciária. Os policiais civis foram postos de lado na investigação dos crimes planejados nos presídios. Com as informações em primeira mão, os PMs passaram a assumir as grandes operações de combate ao tráfico, resultando numa série de confrontos entre a polícia e os criminosos, sobretudo quando a Rota tomava a dianteira.

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