Sociedade

Uma sátira ao Natal dos banqueiros

“Bom Natal, um Feliz Natal, se eu pratico assédio moral, com você”, cantam os manifestantes na avenida Paulista

Uma sátira ao Natal dos banqueiros
Uma sátira ao Natal dos banqueiros
Foto: Gabriel Bonis
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Em meio à decoração natalina e corais de ursinhos de pelúcia na Avenida Paulista, centro de São Paulo, uma manifestação de funcionários do banco HSBC aproveitou os clichês da festa cristã para protestar contra as condições de trabalho. De longe, as versões satíricas de tradiconais jingles de Natal atraíam a atenção dos pedestres na movimentada calçada: “Bom Natal, um Feliz Natal, se eu pratico assédio moral, com você” e “É Natal, é Natal, passa no RH, tá prontinha a rescisão, pode se mandar”, são apenas dois dos trechos mais repetidos.

O cenário de crítica aos lucros obtidos pelos banqueiros é completado com teatro. Ao lado do cartaz “Natal dos Desiludidos”, personagens do setor bancário e econômico ganham ares natalinos. Ao som dos jingles, dançam em frente ao banco o “Jurosalém”, com sua fantasia de Rei Mago,  e o “Satã-der”, com sua capa vermelha e uma foice. Há espaço ainda para o “Papel Noel Magro” – sem o saco de presentes, claro.

Organizado pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba, onde fica a sede do HSBC, a ação se espalhou pelo Brasil. Usando o humor, os funcionários denunciam supostos abusos cometidos pela instituição, como demissões, metas abusivas e terceirizações.

Em São Paulo, o protesto quer lembrar a demissão cerca de 40 pessoas nas últimas semanas. “É muita gente com desempenho ruim para mandar embora na mesma época”, ironiza Liliane Fiuza, diretora do sindicato e funcionária do banco.

Por causa das demissões, a manifestação em clima natalino já havia ocorrido em outras agências da capital paulista, mas os funcionários guardaram para a avenida mais famosa da cidade o encerramento da ação. Isso para destacar, segundo Fiuza, que os protestos também ocorreram devido à proibição pelo banco de enfeites natalinos dentro das agências para não desrespeitar religiões não-cristãs. “O banco tem como símbolo o coral de crianças no Natal, no Palácio Avenida, em Curitiba. Proibir os enfeites é meio contraditório. Por isso, resolvemos fazer a ação com o Papai Noel magrinho.”

O sarcasmo e o simbolismo da manisfestação veio, justamente, da matriz curitibana, que compôs as músicas e as distribuiu pela País. “A ação constrange o banco e as pessoas se identificam com o lúdico, prestam mais atenção”, diz Fiuza. O protesto também tem outras motivações, explica Luciano Ramos, diretor do sindicato e funcionário do HSBC. “Temos que mesclar as atividades para dialogar com a população. Quem passa na rua e não tem conta no banco vai acreditar apenas na propaganda.”

Vestidos a carater, os três personagens animadores da “festa” são funcionários do sindicato, aliados da ideia. Entre eles, o Papai Noel Magro, fantasia de Jose Américo, um sindicalista esquelético de barba branca fina, que lembra vagamente a figura do “bom velhinho”. “O que mais me comove na categoria é a forma como são cobradas as metas, que forçam o trabalho além do limite humano”, diz. Mas concorda que o humor é a melhor maneira de denunciar a situação: “Chegar aqui e apontar a realidade com violência não toca as pessoas.”

Por meio de sua assessoria de imprensa, o HSBC informou respeitar “o direito democrático de manifestação dos sindicatos, mas não comenta publicamente as reivindicações, pois há comitês permanentes para a discussão destas questões”.

Ouça algumas das sátiras abaixo:

É Natal, É Natal

Então é Natal!

Em meio à decoração natalina e corais de ursinhos de pelúcia na Avenida Paulista, centro de São Paulo, uma manifestação de funcionários do banco HSBC aproveitou os clichês da festa cristã para protestar contra as condições de trabalho. De longe, as versões satíricas de tradiconais jingles de Natal atraíam a atenção dos pedestres na movimentada calçada: “Bom Natal, um Feliz Natal, se eu pratico assédio moral, com você” e “É Natal, é Natal, passa no RH, tá prontinha a rescisão, pode se mandar”, são apenas dois dos trechos mais repetidos.

O cenário de crítica aos lucros obtidos pelos banqueiros é completado com teatro. Ao lado do cartaz “Natal dos Desiludidos”, personagens do setor bancário e econômico ganham ares natalinos. Ao som dos jingles, dançam em frente ao banco o “Jurosalém”, com sua fantasia de Rei Mago,  e o “Satã-der”, com sua capa vermelha e uma foice. Há espaço ainda para o “Papel Noel Magro” – sem o saco de presentes, claro.

Organizado pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba, onde fica a sede do HSBC, a ação se espalhou pelo Brasil. Usando o humor, os funcionários denunciam supostos abusos cometidos pela instituição, como demissões, metas abusivas e terceirizações.

Em São Paulo, o protesto quer lembrar a demissão cerca de 40 pessoas nas últimas semanas. “É muita gente com desempenho ruim para mandar embora na mesma época”, ironiza Liliane Fiuza, diretora do sindicato e funcionária do banco.

Por causa das demissões, a manifestação em clima natalino já havia ocorrido em outras agências da capital paulista, mas os funcionários guardaram para a avenida mais famosa da cidade o encerramento da ação. Isso para destacar, segundo Fiuza, que os protestos também ocorreram devido à proibição pelo banco de enfeites natalinos dentro das agências para não desrespeitar religiões não-cristãs. “O banco tem como símbolo o coral de crianças no Natal, no Palácio Avenida, em Curitiba. Proibir os enfeites é meio contraditório. Por isso, resolvemos fazer a ação com o Papai Noel magrinho.”

O sarcasmo e o simbolismo da manisfestação veio, justamente, da matriz curitibana, que compôs as músicas e as distribuiu pela País. “A ação constrange o banco e as pessoas se identificam com o lúdico, prestam mais atenção”, diz Fiuza. O protesto também tem outras motivações, explica Luciano Ramos, diretor do sindicato e funcionário do HSBC. “Temos que mesclar as atividades para dialogar com a população. Quem passa na rua e não tem conta no banco vai acreditar apenas na propaganda.”

Vestidos a carater, os três personagens animadores da “festa” são funcionários do sindicato, aliados da ideia. Entre eles, o Papai Noel Magro, fantasia de Jose Américo, um sindicalista esquelético de barba branca fina, que lembra vagamente a figura do “bom velhinho”. “O que mais me comove na categoria é a forma como são cobradas as metas, que forçam o trabalho além do limite humano”, diz. Mas concorda que o humor é a melhor maneira de denunciar a situação: “Chegar aqui e apontar a realidade com violência não toca as pessoas.”

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