Sociedade

Trabalhadores dos Correios encerram greve, mas lamentam perdas em julgamento

Entidades representativas acusam TST de favorecer governo Bolsonaro ao retirar 50 cláusulas de um acordo que tinha 79 itens

Protestos dos trabalhadores dos Correios. Foto: Reprodução/Sintect
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Os Correios informaram que a maior parte dos seus empregados que aderiram à greve já retornou ao trabalho nesta terça-feira 22. Segundo monitoramento da empresa, 92,7% dos seus funcionários estão em atividades normais.

A volta ao trabalho ocorre um dia após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) aprovar um reajuste salarial de 2,6%, em decisão na segunda-feira 21. Na ocasião, a Corte também determinou que a categoria retornasse ao trabalho, sob pena de multa de 100 mil reais às entidades representativas.

Conforme mostrou CartaCapital, o impasse entre a empresa e os trabalhadores foi parar na Justiça por uma série de desentendimentos. Segundo a categoria, das 79 cláusulas no Acordo Coletivo de Trabalho, os Correios queriam excluir 70 e manter apenas 9.

Duas federações que representam os trabalhadores confirmaram que decidiram encerrar a greve, mas disseram que os trabalhadores saíram perdendo. Dos 79 itens, somente 29 permaneceram.

Segundo a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios (Findect), outras 50 cláusulas foram excluídas ou mantidas de acordo com a legislação. A organização diz que ainda aguarda a publicação do acórdão, ou seja, a sentença por escrito.

Entre as cláusulas que não foram mantidas como estão no acordo, segundo a Findect, há itens referentes ao auxílio para dependentes com deficiência física, o reembolso creche e babá, garantias ao empregado estudante e licença-maternidade.

A categoria diz que o salário médio dos trabalhadores dos Correios é de 1,8 mil reais, e que os benefícios representam boa parte da renda.

Para a Findect, ligada à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), “nessa conjuntura desfavorável aos trabalhadores, a luta foi heroica, mas não pôde manter todas as posições anteriormente conquistadas”.

A Findect disse ainda que “não houve derrota, mas um avanço do inimigo” e acusou o TST de mudar sua jurisprudência, que, segundo a entidade, “historicamente mantinha cláusulas com conquistas históricas que constassem em acordos por 10 anos consecutivos ou mais”.

Na mesma linha, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), diz que a decisão do TST representa a retirada de cerca de 42% da remuneração dos trabalhadores.

Em nota aos sindicalizados, a Federação parabenizou a “bravura” dos trabalhadores, mas lamentou as perdas.

“Repudiamos o papel do TST, que a serviço deste governo, atacou mais uma vez, brutalmente, os nossos direitos, retirando tudo que conquistamos ao longo de mais de 35 anos de luta”, escreveu a Fentect, em nota. “O governo sente-se fortalecido com a decisão TST, que rasgou toda a sua jurisprudência só para atender a seus interesses e ao governo Bolsonaro, que virá com tudo para privatizar a empresa.”

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