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No apagar das luzes do governo Bolsonaro, milícias de fazendeiros intensificam os ataques contra os kaiowá

Eis a parte que lhes cabe neste latifúndio... - Imagem: Christian Braga/Farpa/CIDH
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“Foi um ataque de jagunço”, relata um indígena diante da câmera de celular, enquanto recolhe em um copo plástico descartável cartuchos de balas calibre 38 espalhados chão. De acordo com um vídeo divulgado nas redes sociais pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil, conhecida pela sigla Apib, a ofensiva ocorreu no sábado 16, no território Kurupi, em Naviraí, município com pouco mais de 50 mil habitantes no interior de Mato Grosso do Sul, distante 370 quilômetros de Campo Grande. Há tempos a associação Aty Guasu alerta que a tekoha, como os guarani-kaiowá chamam a terra de seus ancestrais, é assediada por pistoleiros e policiais. Felizmente, desta vez, não houve registro de mortos ou feridos.

O atentado em Naviraí acontece, porém, dois dias após o assassinato de Márcio Rosa Moreira, de 40 anos, vítima de emboscada em Amambai, município próximo da fronteira com o Paraguai. Ele era uma das principais lideranças da etnia que disputa a posse de terras na região. Em 24 de junho, a mesma cidade foi palco de violenta operação conduzida pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar em uma pequena área em litígio, a Fazenda Borda da Mata, que resultou em uma dezena de feridos e várias detenções. Vitor Fernandes, de 42 anos, acabou atingido por três disparos de arma de fogo. O kaiowá foi socorrido, mas chegou sem vida ao Hospital Regional de Amambai. As cenas de faroeste foram gravadas por celulares, usados pelos indígenas para denunciar os recorrentes ataques.

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