Sociedade

Suzano rompe contrato com fazenda no Maranhão flagrada com trabalho escravo

Após ‘Repórter Brasil’ revelar que a empresa arrendava terras onde tentativa de assassinato levou ao resgate de trabalhadores escravizados, empresa decidiu encerrar negócio com proprietário.

Nos barracões os trabalhadores dividiam o espaço com produtos químicos e porcos. Foto: MPT
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A Suzano, empresa do ramo de papel e celulose, anunciou nesta terça-feira 29 o rompimento do contrato com a fazenda São Sebastião, em Cidelândia, no Maranhão, onde trabalhadores foram flagrados em condições análogas à de escravo em fevereiro deste ano. A decisão da Suzano foi tomada após denúncia feita, na véspera, pela Repórter Brasil: um dos empregados foi baleado na cabeça ao, segundo ele, cobrar salários devidos. Outro precisou ser removido de ambulância por conta do estado precário de saúde em que se encontrava. Ao todo, quatro trabalhadores foram resgatados de duas propriedades da mesma família, ambas administradas por Samy Wilker Novaes Aguiar.

A Suzano arrendava a maior parte da fazenda São Sebastião (190 dos 210 alqueires da fazenda, cerca de 900 hectares), porém a fiscalização indicou que os funcionários não atuavam na área da papeleira. Como a empresa não foi citada como ré ao lado dos proprietários do imóvel, esse foi o teor da primeira manifestação enviada pela empresa à Repórter Brasil.

Contudo, após a publicação da matéria, a companhia decidiu romper o contrato de arrendamento. Nesta terça, enviou nota à reportagem afirmando que entrou em contato com o proprietário e analisou os autos judiciais. “Apesar dos ocorridos não envolverem a área ou o contrato objeto do arrendamento para a Suzano, a empresa decidiu, diante os fatos apurados, terminar imediatamente a relação contratual com o proprietário”, completou.

Segundo a companhia, as mudas de eucalipto plantada no local ainda são muito jovens, por isso não sabem ainda qual será o destino delas. Eles podem ser removidos ou replantados, mas o que a empresa garante é que “não haverá disponibilização da madeira para o proprietário do imóvel”. “A companhia avalia a melhor alternativa para o caso”, explica a nota. Leia a íntegra neste link.

Em razão do flagrante, Samy Aguiar, seu pai e sua irmã, que também teriam se beneficiado da exploração do trabalho escravo nas fazendas São Sebastião e Bananal, podem responder a processo administrativo e criminal.

Seus nomes também poderão ser incluídos na ‘lista suja’ do trabalho escravo, um cadastro de brasileiros que mantiveram trabalhadores em regime de servidão, que é divulgado semestralmente. Muitas empresas consultam essa listagem e vetam negócios com esses empregadores, o que poderia dificultar os negócios da família. Em entrevista à Repórter Brasil, Aguiar informou que já havia pago parte dos valores devidos aos funcionários, e se isentou de responsabilidade com relação à tentativa de homicídio ocorrida em sua propriedade. Leia a íntegra neste link.

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