Política

SP: Defensoria diz que PMs ameaçaram matar crianças e fizeram com que elas se jogassem em esgoto

O órgão enviou à Justiça relatos de moradores. Outras supostas violações envolvem a invasão de domícilios sem madado de busca e apreensão

Operação Escudo - Mastrangelo Reino/Governo de SP
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Ao longo dos quarenta dias da Operação Escudo, os moradores da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, relataram supostos abusos praticados por policiais militares, até contra crianças. 

As denúncias foram encaminhadas pela Defensoria Pública do estado à Justiça, no âmbito de uma ação para que os PMs fossem obrigados a usar câmeras corporais.

O caso contra crianças teria acontecido na tarde de 31 de julho. Um morador caminhava em direção a uma padaria, quando viu menores de idade sendo abordados por policiais. As crianças brincavam em um campinho de futebol e foram questionadas sobre a localização de supostos traficantes da região.

Como se recusaram a informar o solicitado, [os policiais] mandaram que se jogassem no canal caso não quisessem morrer. O canal recebe água de esgoto e mangue”, diz um trecho da ação. “Nenhuma criança se afogou porque logo em seguida foram socorridas por suas genitoras.”

Até o fim da operação, foram mobilizados pelo menos 600 agentes, além do apoio dos helicópteros Pelicano e Águia.

Entre as outras supostas violações denunciadas está a invasão de domícilios sem madado de busca e apreensão ou necessidade iminente de socorro. 

Outra testemunha afirmou à Defensoria que um imóvel de sua propriedade foi demolido por PMs, sob a alegação de que o local estaria abandonado, que “casa vazia no morro se torna ponto de tráfico e que, caso quisesse manter sua moradia, deveria estar presente”. 

Segundo a moradora, até junho deste ano o imóvel era habitado por inquilinos.

“[A testemunha] também informou que outras casas próximas foram demolidas, porém, os moradores estão assustados e com medo de relatar. No mesmo dia em que ocorreu a demolição, o vizinho teve sua porta derrubada e só não teve sua casa demolida por ter chegado a tempo”, aponta a Defensoria.

Ao longo da operação, os moradores relataram o medo de retomar a rotina. “Aqui no Morro do José Menino, a polícia sobe e morrem pessoas”, relata uma testemunha.

“Eu estou trabalhando, minhas filhas estão em casa. Meu filho é trabalhador e sai para trabalhar e eu fico com medo. A polícia tem que prender bandido, e não sair invadindo casa sem mandado, sem nada. Isso é um absurdo”, prosseguiu. “Para gente que é trabalhador, é perigoso ali. Uma bala perdida pode tirar vida até das nossas crianças. Vão lá, por favor.”

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, argumentam não haver irregularidades na operação e sustentam que as mortes seriam decorrentes de confrontos com a PM. 

Ao todo, 958 pessoas foram presas e 28 morreram.

A Operação Escudo já é considerada a segunda mais letal do estado, atrás apenas do Massacre do Carandiru, chacina que deixou 102 mortos em 1992.

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