Sociedade

Obras no 3º e 9º andares do Edifício Liberdade estavam irregulares, diz Crea-RJ

Corpo de Bombeiros realizam buscas nos escombros dos três prédios que desabaram no centro da cidade na quarta-feira em busca de 22 desaparecidos

Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro retirou o décimo quinto corpo dos escombros dos prédios que desabaram na Avenida 13 de Maio. Foto: Vladimir Platonow/ABr
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As obras que estavam sendo realizadas no 3º e 9º andares do edifício Liberdade, no número 40 da Avenida 13 de Maio, na Cinelândia, estavam irregulares por falta de registro no sistema da entidade de classe.

A pedido do presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, o conselho preparou um levantamento preliminar das fiscalizações feitas pela entidade ao longo de 2011. Do total fiscalizado, 83% das obras estavam em situação regular.

De acordo com o documento, durante o ano passado os técnicos do conselho fizeram 29.426 visitas em empreendimentos e obras na capital. Deste total, 24.530 apresentaram situação regular e 4.896 apresentaram irregularidades. Notificadas sobre as irregularidades, 3.155 regularizaram o trabalho atendendo às recomendações feitas pelos técnicos da fiscalização do Crea-RJ. Do universo de obras irregulares, 1.741 delas permaneceram nesta situação e não responderam às orientações do conselho, tendo sido autuadas por essa razão.

As buscas por corpos continuam. Na sexta-feira 27, o secretário estadual de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, Sergio Simões, admitiu que não há mais esperança de que sejam encontrados sobreviventes do desabamento dos três edifícios no centro do Rio. Quinze corpos já foram retirados dos escombros.

“Embora a cultura do Corpo de Bombeiros seja movida pela esperança, pela motivação, em razão do cenário que a gente está verificando e pelo tempo passado do acidente, eu preciso dizer que a gente não trabalha mais com a possibilidade de sobreviventes”, disse Simões.

A expectativa é que mais corpos sejam retirados esta tarde, pois as equipes de resgate conseguiram chegar ao local onde estava reunido um grupo de funcionários de uma empresa que funcionava em um dos edifícios que desabaram.

“Nós chegamos na parte onde já imaginávamos que houvesse o maior número de pessoas. Estamos na caixa das escadas e nossa expectativa é que haja um número maior de corpos nesse espaço. O que nos faz pensar que as pessoas tentaram sair pela escada. Todos estão próximos.” Simões disse que espera concluir até domingo o trabalho de resgate nos escombros dos prédios.

Segundo o Instituto Médico-Legal (IML), entre os mortos foram identificados Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos, porteiro do Edifício Liberdade, onde morava com a mulher, Margarida Vieira de Carvalho, que está desaparecida, e Celso Renato Braga Cabral, de 44 anos.


As equipes de socorro, comandadas pelo Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros com o apoio da Defesa Civil e da Polícia Militar, intensificarão os trabalhos no local nesta quinta-feira. Mas, a intensa nuvem de poeira pode prejudicar o resgate.


Um grupo de 80 homens do Corpo de Bombeiros trabalha na área.

As investigações sobre as causas do acidente ainda não foram concluídas. A suspeita mais provável, segundo os investigadores, é que houve colapso na estrutura do prédio mais alto, devido a falhas em uma reforma feita em um dos andares, onde funcionava uma empresa de informática.

Cerca de 17 mil toneladas de escombros foram recolhidos até o final da tarde de quinta-feira 26 do local. Os caminhões da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) fizeram 400 viagens para levar o material a aterros sanitários.

Segundo a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro, o fornecimento de gás para as ruas localizadas no entorno dos prédios que desabaram permanece interrompido por medida de segurança e a pedido da Defesa Civil estadual e da prefeitura do Rio.

Devido às buscas por sobreviventes, as avenidas 13 de Maio e Almirante Barroso estão interditadas entre a Avenida Rio Branco e a Rua Evaristo da Veiga. Painéis informativos explicam as modificações no trânsito na área central da cidade.

Base de apoio

A Secretaria Municipal de Assistência Social montou uma base dentro da Câmara Municipal para prestar apoio aos familiares dos desaparecidos. Assistentes sociais e médicos, psicólogos e voluntários da Cruz Vermelha ajudam parentes e amigos que aguardam informações. Além disso, a secretaria informou que arcará com os custos dos funerais para as famílias que não possuírem condições financeiras.

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RJ) descartou na quinta-feira a possibilidade de o desabamento ter sido provocado por um vazamento de gás seguido de explosão. O engenheiro civil, especializado em estrutura, Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, que estava no local do acidente, disse que o prédio caiu de cima para baixo e que a entidade trabalha com três hipóteses, todas ligadas a problemas na estrutura do edifício de 20 andares, o primeiro que desabou e caiu por cima dos demais – de quatro e nove andares, respectivamente.

Para o especialista, como a região onde estão os prédios é muito próxima do mar e as construções são antigas, pode ter havido corrosão e infiltração na última laje, provocando o desabamento em efeito cascata; a outra hipótese seria as obras de reforma nos 3º e 9º andares do prédio, que poderiam ter levado ao comprometimento das vigas de sustentação. A última possibilidade, também em função das obras, seria o excesso de peso nos andares devido ao acúmulo de material, como cimento, areia e pisos.

Antônio Eulálio enfatizou que a obra que estava sendo feita não tinha autorização do Crea. “Essas obras devem ter sido feitas por leigos. Isso é considerado pelo Crea como exercício ilegal da profissão. Só que esse exercício é punido como contravenção, quando deveria ser punido como crime. Mas isso tem que mudar no código penal. Não é o Crea que muda isso”, desabafou.

Com informações Agência Brasil.

*Atualizado às 10h30, do sábado 28 de janeiro.

As obras que estavam sendo realizadas no 3º e 9º andares do edifício Liberdade, no número 40 da Avenida 13 de Maio, na Cinelândia, estavam irregulares por falta de registro no sistema da entidade de classe.

A pedido do presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, o conselho preparou um levantamento preliminar das fiscalizações feitas pela entidade ao longo de 2011. Do total fiscalizado, 83% das obras estavam em situação regular.

De acordo com o documento, durante o ano passado os técnicos do conselho fizeram 29.426 visitas em empreendimentos e obras na capital. Deste total, 24.530 apresentaram situação regular e 4.896 apresentaram irregularidades. Notificadas sobre as irregularidades, 3.155 regularizaram o trabalho atendendo às recomendações feitas pelos técnicos da fiscalização do Crea-RJ. Do universo de obras irregulares, 1.741 delas permaneceram nesta situação e não responderam às orientações do conselho, tendo sido autuadas por essa razão.

As buscas por corpos continuam. Na sexta-feira 27, o secretário estadual de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, Sergio Simões, admitiu que não há mais esperança de que sejam encontrados sobreviventes do desabamento dos três edifícios no centro do Rio. Quinze corpos já foram retirados dos escombros.

“Embora a cultura do Corpo de Bombeiros seja movida pela esperança, pela motivação, em razão do cenário que a gente está verificando e pelo tempo passado do acidente, eu preciso dizer que a gente não trabalha mais com a possibilidade de sobreviventes”, disse Simões.

A expectativa é que mais corpos sejam retirados esta tarde, pois as equipes de resgate conseguiram chegar ao local onde estava reunido um grupo de funcionários de uma empresa que funcionava em um dos edifícios que desabaram.

“Nós chegamos na parte onde já imaginávamos que houvesse o maior número de pessoas. Estamos na caixa das escadas e nossa expectativa é que haja um número maior de corpos nesse espaço. O que nos faz pensar que as pessoas tentaram sair pela escada. Todos estão próximos.” Simões disse que espera concluir até domingo o trabalho de resgate nos escombros dos prédios.

Segundo o Instituto Médico-Legal (IML), entre os mortos foram identificados Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos, porteiro do Edifício Liberdade, onde morava com a mulher, Margarida Vieira de Carvalho, que está desaparecida, e Celso Renato Braga Cabral, de 44 anos.


As equipes de socorro, comandadas pelo Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros com o apoio da Defesa Civil e da Polícia Militar, intensificarão os trabalhos no local nesta quinta-feira. Mas, a intensa nuvem de poeira pode prejudicar o resgate.


Um grupo de 80 homens do Corpo de Bombeiros trabalha na área.

As investigações sobre as causas do acidente ainda não foram concluídas. A suspeita mais provável, segundo os investigadores, é que houve colapso na estrutura do prédio mais alto, devido a falhas em uma reforma feita em um dos andares, onde funcionava uma empresa de informática.

Cerca de 17 mil toneladas de escombros foram recolhidos até o final da tarde de quinta-feira 26 do local. Os caminhões da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) fizeram 400 viagens para levar o material a aterros sanitários.

Segundo a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro, o fornecimento de gás para as ruas localizadas no entorno dos prédios que desabaram permanece interrompido por medida de segurança e a pedido da Defesa Civil estadual e da prefeitura do Rio.

Devido às buscas por sobreviventes, as avenidas 13 de Maio e Almirante Barroso estão interditadas entre a Avenida Rio Branco e a Rua Evaristo da Veiga. Painéis informativos explicam as modificações no trânsito na área central da cidade.

Base de apoio

A Secretaria Municipal de Assistência Social montou uma base dentro da Câmara Municipal para prestar apoio aos familiares dos desaparecidos. Assistentes sociais e médicos, psicólogos e voluntários da Cruz Vermelha ajudam parentes e amigos que aguardam informações. Além disso, a secretaria informou que arcará com os custos dos funerais para as famílias que não possuírem condições financeiras.

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RJ) descartou na quinta-feira a possibilidade de o desabamento ter sido provocado por um vazamento de gás seguido de explosão. O engenheiro civil, especializado em estrutura, Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, que estava no local do acidente, disse que o prédio caiu de cima para baixo e que a entidade trabalha com três hipóteses, todas ligadas a problemas na estrutura do edifício de 20 andares, o primeiro que desabou e caiu por cima dos demais – de quatro e nove andares, respectivamente.

Para o especialista, como a região onde estão os prédios é muito próxima do mar e as construções são antigas, pode ter havido corrosão e infiltração na última laje, provocando o desabamento em efeito cascata; a outra hipótese seria as obras de reforma nos 3º e 9º andares do prédio, que poderiam ter levado ao comprometimento das vigas de sustentação. A última possibilidade, também em função das obras, seria o excesso de peso nos andares devido ao acúmulo de material, como cimento, areia e pisos.

Antônio Eulálio enfatizou que a obra que estava sendo feita não tinha autorização do Crea. “Essas obras devem ter sido feitas por leigos. Isso é considerado pelo Crea como exercício ilegal da profissão. Só que esse exercício é punido como contravenção, quando deveria ser punido como crime. Mas isso tem que mudar no código penal. Não é o Crea que muda isso”, desabafou.

Com informações Agência Brasil.

*Atualizado às 10h30, do sábado 28 de janeiro.

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