Sociedade

Servidores do ICMBio são rendidos por garimpeiros com fuzis em Roraima

Segundo denúncia, oito criminosos entraram na unidade encapuzados. A autarquia diz que Polícia Federal investiga o caso

(Foto: ICMBIO)
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Servidores do ICMBio que atuavam na Estação Ecológica de Maracá, em Roraima, foram rendidos e ameaçados por um grupo de garimpeiros armados com fuzis na tarde da segunda-feira 31.

Segundo uma denúncia que circula entre funcionários da autarquia, oito criminosos entraram na unidade encapuzados por volta das 16h, renderam três brigadistas, roubaram equipamentos e veículos e ameaçaram queimar viaturas do ICMBio caso as encontrassem. Também foi relatado que os garimpeiros “buscavam agentes de fiscalização” e afirmaram “estar monitorando todos os servidores”.

Ainda de acordo com a denúncia, os brigadistas tiveram que levar os equipamentos até o porto, onde foram liberados. Após comunicação com a equipe, os brigadistas teriam fugido para a floresta enquanto ” o chefe do ICMBio em Roraima fazia articulações de emergência para garantir a integridade deles”, diz o texto.

Em nota, o ICMBio afirmou que “a Polícia Federal foi acionada e já está com investigação em andamento, contando com apoio integral do ICMBio e demais órgãos governamentais”, mas não confirmou demais detalhes do que foi roubado da unidade, o número de invasores ou quaisquer circunstâncias acerca do ocorrido. A PF afirmou que “abriu inquérito para apurar os fatos e que descolou para o local uma equipe de policiais federais acompanhados de servidores do ICMBIO”.

Na quarta-feira 02, a Polícia Federal de Roraima acrescentou que, junto às equipes, foram integrados membros da Companhia Independente de Policiamento Ambiental da Polícia Militar de Roraima, que também se deslocaram ao local do ataque.

Os criminosos teriam seguido no Rio Uraricoera, que margeia a unidade e dá acesso à Terra Indígena Yanomami e às áreas de garimpo ilegal da região, já palco de conflitos nas últimas semanas.

No dia 16 de maio, um grupo de garimpeiros realizou o segundo ataque em uma semana à comunidade de Palimiú. Os yanomami registraram cerca de 15 barcos com garimpeiros que, “além dos tiros”, estariam atirando bombas de efeito moral em direção à comunidade. A Hutukara Associação Yanomami afirma que existem ao menos até 20 mil garimpeiros no território atualmente.

Em conjunto com a nota acerca das investigações sobre o ataque aos servidores, a PF afirmou que “continua os trabalhos de desintrusão de garimpeiros da TIY com policiais do Grupo de Pronta Intervenção da PF (GPI), atuando nesse momento em diversos pontos do garimpo”.

O presidente Jair Bolsonaro, um defensor da legalização da mineração e do garimpo em terras indígenas, esteve reunido com Yanomamis na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM) no último fim de semana. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele diz que o projeto atual “é etnia, quem desejar explorar, explora”, referindo-se a grupos de indígenas alinhados aos interesses do garimpo.

*Matéria atualizada às 12h33 de quarta-feira 02, com nota da Polícia Federal de Roraima

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