Secretário defende policiais que balearam manifestante em São Paulo

Para Fernando Grella, ação da PM foi legítima. "Ele foi baleado, porque tentou agredir, com um estilete, o policial que estava caído", disse

"Existiu uma situação de agressão. Em tese, a agressão legitima a ação", disse o secretário de Segurança Pública de São Paulo

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O secretário de Estado de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, defendeu nesta segunda-feira 27 os policiais que balearam Fabrício Chaves durante uma manifestação no sábado 25 na capital paulista. O jovem, de 22 anos, foi atingido no tórax e no pênis durante protesto contra os gastos públicos com a Copa do Mundo. Segundo Grella, os policiais reagiram a uma agressão do rapaz, que portava um estilete. “Ele foi baleado porque tentou agredir, com um estilete, o policial que estava caído”, disse o secretário sobre o incidente.

Grella disse que somente os inquéritos criminal e militar poderão apurar se não havia outra forma de conter o jovem. “Isso vai ser apurado no inquérito. Existiu uma situação de agressão. Em tese, a agressão legitima a ação”, ressaltou. Durante a coletiva de imprensa, o secretário apresentou fotos do estilete e de material explosivo que, segundo a polícia, foi encontrado na mochila do jovem.

Fabrício está internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa, centro da capital. Ele e outro rapaz foram abordados por dois policiais militares por volta das 22h30 na Rua da Consolação. Ao reagir à abordagem com um estilete, levou dois tiros. De acordo com Luciano Pires, delegado que apura o caso, tanto o policial que caiu no chão, quanto o que permaneceu de pé, dispararam contra o jovem.  O caso também está sendo investigado pela Corregedoria da PM.

O protesto contra os gastos públicos na Copa do Mundo de Futebol partiu da Avenida Paulista por volta das 17h de sábado (25) e no início da noite chegou ao centro da cidade, onde houve confrontos entre policiais e manifestantes e depredações. De acordo com registros das delegacias, 135 pessoas foram detidas. Doze eram adolescentes. Todos foram liberados na madrugada de domingo (26) após prestar depoimento.

Parte das prisões foi feita em um hotel na Rua Augusta. Manifestantes reclamaram da violência policial. Integrantes de um grupo de advogados, que acompanha o caso de Fabrício, acham que houve reação desproporcional pelos policiais militares. A ação também foi defendida por Grella.


“Não eram manifestantes. Eles invadiram o hotel quebrando as instalações. Nós temos os registros de hóspedes que se esconderam, ficaram trancados nos seus quartos, porque não podiam sair. A polícia teve que intervir para restabelecer a ordem”, ressaltou o secretário.

Em frente ao hospital Santa Casa, onde o jovem está internado, integrantes dos grupos que organizaram o protesto permanecem em vigília. Eles montaram uma barraca e dizem estar se revezando para auxiliar a família do rapaz. Os manifestantes expõem cartazes e faixas, nas quais criticam a ação policial. De acordo com o hospital, por volta das 18h de hoje, Fabrício continuava UTI em estado grave, mas em condição estável. No final da manhã deste domingo, ele começou a respirar sem a ajuda de aparelhos.

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