Guerra do tráfico tem invasão, tiroteios, sequestro e vítimas

Na ocasião, vídeo de criança cantando durante troca de tiros viraliza; assista

Operação da Polícia Federal do Rio de Janeiro Ascom/PF/Divulgação

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Uma guerra entre traficantes pelo controle do Complexo de São Carlos, no Rio de Janeiro, já impôs mais de 24 horas de tumultos aos cariocas em diferentes partes da cidade.

A investida, que aconteceu no início da noite de quarta-feira 26, se repetiu na tarde desta quinta-feira 27, como relatam moradores.

Nas redes sociais, um vídeo de um bebê cantando dentro de casa viralizou. Enquanto a mãe filma pessoas armadas correndo do lado de fora, ela pede para a criança fazer silêncio. “Cala a boca!”, sussurra.

“Infelizmente essa é a realidade do Rio de Janeiro. Um triste relato em uma comunidade. Que essa criança tenha um futuro digno e a família consiga ainda encontrar a paz. Aqui vivemos em uma guerra civil não declarada”, escreveu o jornalista Renan Moura ao compartilhar o vídeo.

 

Dias de terror

Segundo informações do portal G1, o tiroteio da madrugada e a troca de tiros da manhã desta quinta-feira 27 são consequência de uma guerra entre facções criminosas diferentes.

Na quarta, traficantes tentaram invadir o Morro da Mineira, localizado no Complexo São Carlos, região central do Rio.

Os confrontos começaram ainda naquela tarde, quando suspeitos trocaram tiros com a polícia na região da Lagoa Rodrigo de Freitas.

De acordo com a PM, os criminosos vinham da Rocinha e carregavam granadas, munição e um fuzil. A intenção era disputar a influência no Complexo São Carlos.

Ainda na quarta à noite, pelo menos duas pessoas morreram em decorrência do conflito. Uma jovem de 25 anos foi baleada após se curvar para proteger o filho, de 3 anos, no meio do fogo cruzado.

Com o avanço do confronto, a Polícia Militar do Rio de Janeiro enviou equipes ao local. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também foi acionado.

 


 

Na madrugada de quinta, um bandido em fuga da polícia invadiu um condomínio no bairro do Rio Comprido, fez o porteiro de refém e conseguiu entrar em um dos apartamentos. Lá, uma criança, uma senhora e uma mulher também foram feitas reféns. O Bope negociou a liberação das vítimas, que foi feita às 7h da manhã. O homem foi preso.

“A sensação é de tristeza da gente estar vivendo isso na nossa cidade. A gente precisa de um governo que faça as coisas diferentes para o povo. Estamos abandonados. Se não fosse a nossa inteligência emocional de lidarmos com uma pessoa, que também está passando pelas dificuldades dele, e com a minha neta junto, as coisas poderiam ter tido um desfecho muito triste. Graças a Deus a gente teve inteligência emocional para conduzir as coisas com muita maturidade”, disse à TV Globo uma das vítimas do sequestro.

O porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess, afirmou à rádio CBN que existem “limitações” à Polícia desde que o Supremo Tribunal Federal decidiu proibir as operações policiais nas favelas durante a pandemia.

Para o coronel, “criminosos se sentem com uma certa proteção para se articularem dentro das comunidades para partirem para o enfrentamento.”

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