Política
Reunião de segurança teve sugestão para ‘meter o cacete’ em indígenas em ato no DF
Horas depois do encontro, a Polícia Legislativa lançou bombas de gás lacrimogêneo contra o grupo


A reunião com forças de segurança do Distrito Federal para debater a macha do movimento indígena na capital federal, na última quinta-feira 10, teve a participação de um homem que sugeriu “meter o cacete” nos manifestantes, conforme uma gravação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta sexta-feira 11. Horas depois do encontro, a Polícia Legislativa lançou bombas de gás lacrimogêneo contra o grupo.
O encontro híbrido (virtual e presencial) aconteceu por volta de 17h30 e serviu para discutir o trajeto que a marcha do Acampamento Terra Livre faria. No momento em que ocorreu a sugestão de violência, os participantes debatiam a possibilidade de os indígenas descerem até a Praça dos Três Poderes.
Nesse momento, o homem, cuja identificação na reunião era “iPhonedeca”, interrompeu as manifestações. “Deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça, pronto”, afirmou o participante, sem mostrar o rosto. O representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil questionou a identidade dele e perguntou o motivo pelo qual havia feito a sugestão, mas não houve resposta.
Os demais presentes não se manifestaram sobre a declaração. Em nota à Folha, a Secretaria de Segurança Pública do DF disse não compactuar “com qualquer manifestação de caráter violento” e informou ter identificado o autor da afirmação, mas não revelou o nome dele. Além disso, sustentou se tratar de uma “manifestação pessoal” de alguém sem relação com as forças de segurança.
No início da noite, os indígenas que desciam pela Esplanada foram alvo de bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Legislativa, em frente ao Congresso Nacional, antes de chegar à Praça dos Três Poderes. A manifestação fez parte dos atos do ATL, que acontecem desde segunda-feira em Brasília.
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) estava na manifestação na Esplanada e foi uma das atingidas pelas bombas. A Câmara dos Deputados afirmou, em nota, que havia acordo com o movimento para que não ultrapassassem a linha de defesa da Polícia Militar, mas parte dos indígenas avançou sobre o gramado do Congresso.
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