Uma reportagem do jornal Agora São Paulo publicada nesta quinta-feira 13 revelou o destino do “réu” que estava sendo julgado por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em Várzea Paulista, interior de São Paulo, na terça-feira 11. Maciel Santana da Silva, de 21 anos, fora “absolvido” pelos criminosos, mas acabou assassinado pelos próprios policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) chamados para interromper o “julgamento”.
De acordo com o Agora, Maciel estava sendo “julgado” por estupro, mas foi inocentado porque a própria menina de 12 anos que seria a vítima do crime negou o estupro. O irmão da menina havia feito a denúncia, mas ela disse que Maciel deu apenas um abraço nela.
O pai de Maciel disse que seu filho era viciado em maconha e estava fazendo tratamento psiquiátrico. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que Maciel não tinha antecedentes criminais, mas fez uma estranha referência à família da vítima. “Não constam passagens, mas ele tem três irmãos com antecedentes criminais, inclusive por tráfico de drogas”, informou a SSP ao jornal.
Maciel foi morto, prossegue o jornal Agora, por uma equipe comandada pelo tenente Rafael Henrique Cano Telhada. Rafael é filho do coronel da reserva Paulo Telhada, que chefiou a Rota até 2011. Aposentado, Telhada é candidato a vereador pelo PSDB em São Paulo, mesmo partido do governador Geraldo Alckmin, e tem uma conhecida página no Facebook na qual chama criminosos de “safados” e “vagabundos”.
Ainda segundo o jornal, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Roberval Ferreira França, afirmou que Maciel teria sido morto pelos criminosos por ter sido “condenado”. França chegou a afirmar que a família da menina acompanhou o “julgamento” e deixou o local antes da execução. A PM também modificou sua versão para o número de presos na operação. Antes, eram oito. Agora, são cinco, e não houve explicação para a alteração.
Na quarta-feira 12, o governador Geraldo Alckmin saiu em defesa da Rota, um batalhão conhecido pelo alto índice de mortes em suas operações. Segundo Alckmin, as mortes ocorreram por conta da reação dos criminosos. “Quem não reagiu está vivo”, disse Alckmin. Atualmente, a Rota é comandada por Salvador Modesto Madia, um dos réus do massacre no presídio do Carandiru, ocorrido em 1992, em São Paulo.