Sociedade

Responsáveis pela morte de ambientalistas seguem impunes

Um ano após assassinato, ameaças continuam na região. Impunidade deve levar carvoeiros e madeireiros de volta ao assentamento

Responsáveis pela morte de ambientalistas seguem impunes
Responsáveis pela morte de ambientalistas seguem impunes
Laisa da Silva, irmã da extrativita assassinada, durante premiação na ONU. Foto: Felipe Milanez
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O assassinato do casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo completa um ano na quinta-feira 24 sem que os principais suspeitos do crime tenham sido levados à prisão ou julgamento.

Um balanço divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que, apesar da prisão de um suposto mandante e dois executores, outros envolvidos no crime devem  seguir impunes.

Hoje, apenas José Rodrigues Moreira (mandante), Lindonjonson Silva e Alberto Lopes (executores) foram denunciados. A Justiça aceitou a acusação, mas o julgamento ainda não tem data para acontecer – o Tribunal de Justiça do Pará aguarda a apresentação de um recurso da defesa dos réus contra o encaminhamento do caso para o júri.

Segundo a CPT, escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal comprovam que a decisão de assassinar o casal não partiu apenas de José Moreira. De acordo com os trechos da escuta, Genivaldo Oliveira Santos, o Gilsão, e Gilvan – ambos proprietários de terras no interior do Assentamento Praia Alta Piranheira, município de Nova Ipixuna – também teriam participação no crime.

Antes de ser preso, José Moreira foi flagrado em uma conversa com seu irmão, Dedé, pedindo que ele pressione os proprietários a contratar advogados para fazer sua defesa, caso contrário os denunciaria. Na conversa Moreira diz: “vê se tu vai na casa de Gilvazin e conversa com ele pessoalmente. Tu fala com ele que ele sabe por que eu tô conversando com ele, que ele providencia advogado e bota ai, porque senão vai pegar pra ele também e fala pra Gilzão também”.

Perpétuo abandono

Ainda segundo o balanço da CPI, após o assassinato o governo federal, por meio do Ibama, intensificou a fiscalização na área e destruiu carvoarias ilegais no município. Apesar disso, os lotes de terras grilados por Moreira, alvo da disputa com José Cláudio e Maria, ainda não foram retomados pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), de acordo com a Pastoral.

Além disso, nenhuma política pública de melhoria da qualidade de vida no assentamento e incentivo ao extrativismo aliado com preservação foram tomadas, denuncia o órgão. Com isso, espera-se que em breve os carvoeiros e madeireiros retornem ao assentamento.

A carta também alerta para o fim da proteção da Força Nacional às outras duas lideranças ameaçadas. Segundo o texto, há cerca de um mês foi retirada a segurança de duas das quatro lideranças ameaçadas. Isso porque o Programa Federal de Proteção a Defensores de Direitos Humanos continua sem recursos suficientes para garantir a segurança dos ameaçados de morte.

A CPT afirma que a professora Laísa Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo e residente do Assentamento, segue recebendo ameaças sem nenhum tipo de proteção.

O assassinato do casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo completa um ano na quinta-feira 24 sem que os principais suspeitos do crime tenham sido levados à prisão ou julgamento.

Um balanço divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que, apesar da prisão de um suposto mandante e dois executores, outros envolvidos no crime devem  seguir impunes.

Hoje, apenas José Rodrigues Moreira (mandante), Lindonjonson Silva e Alberto Lopes (executores) foram denunciados. A Justiça aceitou a acusação, mas o julgamento ainda não tem data para acontecer – o Tribunal de Justiça do Pará aguarda a apresentação de um recurso da defesa dos réus contra o encaminhamento do caso para o júri.

Segundo a CPT, escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal comprovam que a decisão de assassinar o casal não partiu apenas de José Moreira. De acordo com os trechos da escuta, Genivaldo Oliveira Santos, o Gilsão, e Gilvan – ambos proprietários de terras no interior do Assentamento Praia Alta Piranheira, município de Nova Ipixuna – também teriam participação no crime.

Antes de ser preso, José Moreira foi flagrado em uma conversa com seu irmão, Dedé, pedindo que ele pressione os proprietários a contratar advogados para fazer sua defesa, caso contrário os denunciaria. Na conversa Moreira diz: “vê se tu vai na casa de Gilvazin e conversa com ele pessoalmente. Tu fala com ele que ele sabe por que eu tô conversando com ele, que ele providencia advogado e bota ai, porque senão vai pegar pra ele também e fala pra Gilzão também”.

Perpétuo abandono

Ainda segundo o balanço da CPI, após o assassinato o governo federal, por meio do Ibama, intensificou a fiscalização na área e destruiu carvoarias ilegais no município. Apesar disso, os lotes de terras grilados por Moreira, alvo da disputa com José Cláudio e Maria, ainda não foram retomados pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), de acordo com a Pastoral.

Além disso, nenhuma política pública de melhoria da qualidade de vida no assentamento e incentivo ao extrativismo aliado com preservação foram tomadas, denuncia o órgão. Com isso, espera-se que em breve os carvoeiros e madeireiros retornem ao assentamento.

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