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Professora de SP é demitida após minimizar estupro de criança de 10 anos

‘Deve ter sido bem paga’, insinuou a docente sobre criança grávida no ES

Professora de SP é demitida após minimizar estupro de criança de 10 anos
Professora de SP é demitida após minimizar estupro de criança de 10 anos
Fonte: Elza Fiuza/EBC
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Uma professora da rede estadual de São Paulo foi demitida nesta quarta-feira 19 por um comentário publicado nas redes sociais sobre o caso da criança de 10 anos vítima de estupro no Espírito Santo.

Eliana Nuci de Oliveira, que já apagou seu perfil no Facebook, chegou a publicar: “Criança se defende chorando pra mãe. Esta menina nunca chorou, por quê?”

“Não foi nenhuma violência. Ela já tinha vida sexual há 4 anos com este homem. Deve ter sido bem paga”, insinuou a docente que, em post anterior, disse ser “triste demais tirar a vida de um inocente”, em referência ao aborto.

Créditos: Reprodução Facebook

A demissão da professora foi confirmada pela Secretaria da Educação do Estado de SP.

“[Ela foi] demitida imediatamente para não estar próxima de nossas crianças e jovens. É um absurdo uma profissional que deve ser educadora e defensora da infância afirmar que não é uma violência. Repúdio total a qualquer um que defenda um absurdo”, afirmou o secretário da pasta, Rossielli Soares da Silva à Folha de S.Paulo.

“Crime hediondo”

Na segunda-feira 17, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, também publicou uma mensagem se colocando contra o procedimento de aborto ao qual a criança foi submetida.

Segundo o líder católico, a interrupção da gravidez é um crime hediondo e que “não se justifica diante de todos os recursos existentes e colocados à disposição para garantir a vida das duas crianças”.

“Lamentável presenciar aqueles que representam a Lei e o Estado com a missão de defender a vida, decidirem pela morte de uma criança de apenas cinco meses”, completou Azevedo.

O caso

O crime ganhou repercussão no país após a menina comparecer no último dia 7 em um hospital reclamando de dores abominais. Ela descobriu que estava grávida de cinco meses e relatou que desde os quatro anos sofria abusos sexuais do seu tio, um homem de 33 anos.

Pela gravidez ser fruto de um estupro, a menina tinha o direito garantido pela Constituição de passar por um processo de aborto. O caso gerou revolta de militantes de extrema-direita que acusaram a menina e o médico de assassinato.

O suspeito foi preso nesta terça-feira em Betim, Minas Gerais, e será encaminhado ao Complexo Penitenciária de Xuri, em Vila Velha, na Grande Vitória.

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