Sociedade

Pretos, pardos e pobres são os que mais temem desastres climáticos, aponta pesquisa

Ainda de acordo com pesquisa do Greenpeace/Ipec a maioria da população não confia nas prefeituras para prevenir ou reduzir o impacto de desastres

Pretos, pardos e pobres são os que mais temem desastres climáticos, aponta pesquisa
Pretos, pardos e pobres são os que mais temem desastres climáticos, aponta pesquisa
Casa atingida pelas enchentes em Jequié (Foto: Gabrielle Sodré)
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Os brasileiros mais pobres são os que mais temem a ocorrência de eventos climáticos extremos em suas cidades. A percepção consta em uma pesquisa inédita encomendada pelo Greenpeace ao Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica).

70% das pessoas das classes D e E se sentem inseguras com a possível manifestação dos eventos climáticos; a insegurança é de 56% entre pessoas das classes A e B. A percepção também é maior entre os moradores de regiões periféricas, 63%.

Da mesma forma, as populações pretas e pardas se sentem mais vulneráveis em relação aos eventos (64%), quando comparado às pessoas brancas (60%).

A pesquisa também evidenciou que brasileiros, no geral,  têm pouca confiança em suas prefeituras no que se refere à capacidade de prevenir ou reduzir o impacto de desastres causados pelas mudanças climáticas, como enchentes ou deslizamentos de terra, por exemplo.

De acordo com os números do estudo, 67% dos entrevistados não confiam nada ou confiam pouco em suas prefeituras. O detalhamento dos números em relação aos moradores das capitais mostra que a desconfiança é ainda mais alta: 77%.

Ainda nesse quesito, o recorte por raça revela que 72% das pessoas negras (pretas e pardas) desconfiam das prefeituras, enquanto entre brancos esse número é de 63%. O índice mais alto de confiança nas prefeituras para proteger a população de desastres climáticos está entre pessoas de 60 anos ou mais, em 26%. Já a maior desconfiança está entre brasileiros de 25 a 34 anos: 72% confiam pouco ou nada nas gestões municipais.

“Os números do estudo reforçam nosso posicionamento de que o enfrentamento à emergência climática deve ser prioridade para o poder público”, afirma Igor Travassos, porta-voz de Justiça Climática do Greenpeace Brasil.

“Tragédias recentes em estados de diferentes regiões do Brasil são resultado da falta de políticas efetivas de prevenção, adaptação às mudanças climáticas e resposta aos eventos extremos. Não estamos lidando com um fato novo ou inesperado. Quantos mais precisarão morrer ou perder tudo para que os governantes garantam cidades seguras para todas as pessoas?”, questiona Travassos.

Os brasileiros foram questionados sobre como preparar melhor as cidades para o enfrentamento aos eventos climáticos extremos, como chuvas fortes, enchentes, ondas de calor, deslizamentos de terra, entre outros.

A maioria (33%) afirmou que é necessário melhorar a infraestrutura para drenagem da água das chuvas, como fazer limpeza de valas, canais e esgoto. 20% priorizam melhores políticas de moradia, como construção de habitações em áreas seguras ou fornecimento de auxílio moradia para a população. Entre os moradores de capitais brasileiras, 27% destacam a necessidade de melhorar as políticas de moradia.

No contexto da pesquisa, o Greenpeace Brasil lançou um abaixo assinado que convida toda a população a pressionar o governo para revisão e implementação do Plano Nacional de Adaptação (PNA), que junto com o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres, tem como objetivo criar metas e estratégias governamentais para a gestão e redução de riscos que crescem devido à crise climática.

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