Presidente da Fundação Palmares ataca Moïse: ‘Em tese, um vagabundo morto por vagabundos’

O bolsonarista Sérgio Camargo afirmou que o jovem congolês, espancado até a morte, 'andava e negociava com pessoas que não prestam'

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, ao lado do presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Twitter

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O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, usou as redes sociais nesta sexta-feira 11 para tentar justificar o assassinato do congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte no Rio de Janeiro, no mês passado.

“Moise andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava”, escreveu o extremista de direita.

Horas antes, Camargo afirmou que “não existe a menor possibilidade de homenagem da Fundação Palmares ao congolês Moise”.

Imagens de câmeras de segurança mostraram que os assassinos do congolês recorreram a socos, chutes e golpes com pedaço de pau. Segundo o inquérito conduzido pela Delegacia de Homicídios da Capital, o corpo de Moïse foi encontrado amarrado próximo ao quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.

O congolês se dirigiu ao quiosque para cobrar pagamentos em atraso. O espancamento durou cerca de 15 minutos.

Nesta sexta 10, os familiares de Moïse decidiram não assumir os quiosques Biruta e Tropicália. O acordo para que os parentes do jovem de 24 anos gerenciassem os quiosques foi anunciado pela Prefeitura do Rio em 5 de fevereiro. Os locais virariam espaços de homenagem à cultura congolesa e africana.


Ao G1, porém, Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, declarou que a família recuou da decisão.

“Eles desistiram de assumir, não querem mais, por medo”, disse o advogado. “Eles querem marcar com a prefeitura para conversar. Eles aceitam outro quiosque, podem aceitar outra alternativa. Mas não aceitam ficar ali porque não vão se sentir seguros nunca. Porque já disseram que não vão sair de lá”.

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