Política
O que se sabe sobre as explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília
Uma pessoa morreu. A Polícia Federal anunciou a abertura de um inquérito
O homem que foi encontrado morto em frente ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, na noite desta quarta-feira 13, após a detonação de explosivos, é Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a vereador pelo PL em 2020 em Rio do Sul (SC).
Segundo a Polícia Civil, Francisco, conhecido como “Tiu França”, alugou uma casa em Ceilândia (DF) dias antes das explosões.
As duas explosões foram ouvidas por volta das 19h30, a segunda delas em um carro no estacionamento entre o prédio do STF e o Anexo IV da Câmara dos Deputados. Antes da explosão em frente ao STF, o homem tentou entrar no prédio.
A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o caso e acionou agentes do Comando de Operações Táticas e do Grupo de Pronta-Intervenção da Superintendência Regional no DF, além de peritos e do Grupo Antibombas.
O sargento Rodrigo Santos, da Polícia Militar do DF, desarmou os explosivos no porta-malas do veículo. “A região estava lotada. Graças a Deus não houve um mal maior. Era uma bomba caseira, com pólvora e tijolos. O suspeito tentou causar uma grande explosão e não conseguiu”, afirmou.
Ele declarou que sua equipe correu em direção ao carro e pediu ajuda a funcionários da Câmara, com extintores. “Conseguimos controlar o fogo e retirar todo o pessoal que estava em volta, para que não tivesse vítimas.”
A Polícia Militar do Distrito Federal cercou a área e anunciou e fez uma varredura para saber se havia mais explosivos. Na madrugada de quinta-feira 14 foram desarmados outros artefatos suspeitos.
“Quando acontece uma ocorrência com suspeita de explosivo, que tem explosão, é acionada a Operação Petardo, em que o Batalhão de Operações Especiais vai até o local para fazer uma varredura para verificar se há mais explosivos. É possível que na explosão nem todos explosivos tenham sido detonados”, disse o major da PM Raphael van der Broocke.
Após as explosões, a Câmara dos Deputados decidiu suspender a sessão do plenário. “Acabo de receber a confirmação do óbito. Por conta disso, vou suspender a sessão”, afirmou o 2º vice-presidente da Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Ele pediu um minuto de silêncio.
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, conversou por telefone com o presidente Lula (PT), com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e com a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP).
Com o governador Ibaneis Rocha (MDB), que está na Itália desde o fim de semana, o diálogo ocorreu por mensagem.
O Palácio do Planalto foi fechado e a área foi isolada. Lula não estava no local no momento das explosões.
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Marcos Antonio Amaro, declarou no fim da noite desta quarta que o Palácio do Planalto estava seguro e que o presidente da República poderia despachar no local nesta quinta.
A segurança do Palácio foi reforçada logo após as explosões.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu suspender todas as atividades legislativas e administrativas da Casa até as 12h desta quinta. No Senado, não haverá expediente.
Depois do episódio, Lula se reuniu com os ministros do STF Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin no Palácio da Alvorada. Andrei Rodrigues também foi à residência presidencial.
Laiana Costa, funcionária administrativa do Tribunal de Contas da União, relatou a jornalistas o momento da detonação. “Eu estava na parada e aí o cara simplesmente passou. Do nada, a gente ouviu simplesmente um barulho, eu olhei para atrás, na hora do barulho, e saiu fogo, aquela fumaça. Os seguranças do STF vieram.”
As explosões acontecem às vésperas da cúpula de líderes do G20 no Rio de Janeiro, entre 18 e 19 de novembro. No dia 20, Lula tem uma reunião marcada em Brasília com o presidente chinês, Xi Jinping.
Leia as principais reações de autoridades:
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara: “A explosão de um carro em um estacionamento público próximo ao Anexo IV da Câmara dos Deputados deve ser apurada com a urgência necessária para esclarecimento de todas as suas causas e circunstâncias”, afirmou, em nota. “Reafirmo, veementemente, meu total repúdio a qualquer ato de violência.”
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado: “O estado é de investigação e de precaução. A Polícia Legislativa da Câmara e do Senado está cuidando. Recebi um telefonema da governadora em exercício Celina Leão informando que eles estão investigando os arredores. O momento é de se aferir as circunstâncias e todos terem a cautela e as precauções devidas”.
Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal: “A Justiça segue firme e serena. Orgulho de servir ao Brasil na Casa da Constituição: o Supremo Tribunal Federal”.
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça: “As forças federais de segurança pública acompanham atentamente os acontecimentos ocorridos na capital do país, na noite desta quarta-feira (13), e estão preparadas para assegurar o pleno funcionamento dos Poderes constituídos. A Polícia Federal está trabalhando com rigor para elucidar, com celeridade, a motivação das explosões na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal, e nos arredores do Congresso Nacional”.
Paulo Pimenta (PT), ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência: “Os ataques às instituições são ataques à democracia e ao povo brasileiro (…) Cada vez mais, a defesa da democracia, o combate à intolerância e à politica de ódio que contaminou setores da sociedade se tornam fundamentais. Não podemos, em hipótese nenhuma, naturalizar atos antidemocráticos. Nós vamos seguir trabalhando pela reconstrução do nosso país e pela união do povo brasileiro, todos aqueles que forem contra isso, serão derrotados mais uma vez”.
Jorge Messias, advogado-geral da União: “Repudio com toda a veemência os ataques contra o STF e a Câmara dos Deputados. Manifesto minha solidariedade aos ministros e parlamentares. A Polícia Federal investigará com rigor e celeridade as explosões no perímetro da praça dos três Poderes. Precisamos saber a motivação dos ataques, bem como reestabelecer a paz e a segurança o mais rapidamente possível”.
Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal: “Muito grave o que acaba de ocorrer na Praça dos Três poderes e no Anexo 4 da Câmara dos Deputados. Todas as unidades de segurança e de inteligência do Governo do Distrito Federal estão orientadas a agir com rigor e celeridade para identificar o autor ou autores, bem como a motivação para esses ataques. Minha total solidariedade às autoridades e servidores dos três poderes, desejando que a segurança de todos seja prontamente restabelecida”.
Randolfe Rodrigues (PT-AP), senador e líder do governo no Congresso: “O atentado ocorrido tem características de motivação política. É inadmissível após tantos ataques a nossa democracia. Que haja apuração rigorosa para apontar responsáveis e que vença a união dos brasileiros. Somos um só país, uma grande nação! Não deve haver divergência quando a vida dos brasileiros está sendo colocada em risco. Sejamos intolerantes ao fascismo e à disseminação do ódio, a resposta deve ser a Constituição, a lei e a união do povo!”.
José Guimarães (PT-CE), deputado e líder do governo na Câmara: “Confiamos nos órgãos de segurança e nas instituições do Estado no cumprimento de suas funções de esclarecer o fato à sociedade brasileira e, caso tenha motivação politica, que os responsáveis sejam punidos com o rigor da lei. Basta de violência!”.
Gleisi Hoffmann, deputada e presidenta do PT: “Os gravíssimos fatos desta noite na Praça dos Três Poderes repetem o cenário, os alvos e a violência do 8 de Janeiro. O carro com explosivos na Câmara dos Deputados é de um candidato a vereador do PL de Santa Catarina. São muitos elementos que nos alertam para permanecer vigilantes em defesa da democracia. Sabemos quem são seus inimigos e saberemos defende-la mais uma vez”.
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