Sociedade

Polícia Militar proíbe mata leão em abordagens policiais no estado de SP

Após acúmulo de casos de abordagens violentas, corporação revisou o seu manual de defesa pessoal

Imagens mostram policial pisando no pescoço da mulher Foto: Fantástico/Reprodução
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A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou na sexta-feira 31 que o procedimento de imobilização chamado chave cervical, o popular “mata leão”, está proibido nas abordagens policiais no estado. A decisão foi tomada após revisão do manual de defesa pessoal da Polícia Militar.

A corporação explicou a mudança, em nota, e disse que “busca permanentemente aperfeiçoar a prestação de serviço à sociedade e modernizar seus protocolos de atuação”.

“Atualmente, a instituição realiza estudos para avaliar as técnicas de contenção durante as detenções de suspeitos, sendo que a chave cervical não mais será empregada”, afirmou a PM.

A proibição acontece após circularem alguns casos nas redes sociais em que se evidencia o uso da chave de braço em abordagens. No dia 24 de julho, PMs deram um mata leão e sufocaram um jovem negro na cidade de João Ramalho, interior de São Paulo. Na filmagem, o jovem demonstrava dificuldade de respirar.

 

Caso parecido ocorreu com um entregador de aplicativo, ao sofrer abordagem policial na Avenida Rebouças, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. No vídeo, que também viralizou nas redes sociais, o trabalhador é segurado por dois policiais militares, um homem e uma mulher, e é levado ao chão. Nesse momento, é possível o ouvir repetir: “Não consigo respirar, não consigo respirar”.

Também soma à lista de abordagens violentas o caso de uma mulher negra de 51 anos que foi imobilizada por um PM, que pisou em seu pescoço, em Parelheiros, zona sul de São Paulo. A vítima disse que, quando estava no chão e foi imobilizada por um policial, teve medo de morrer sufocada, como aconteceu com o norte-americano George Floyd em uma ação policial nos EUA.

Segundo revelou um levantamento do G1, o número de pessoas mortas por policiais militares dentro e fora de serviço no estado de São Paulo de janeiro a maio de 2020 é o maior de toda a série histórica iniciada em 2001: 442 vítimas.

O número de mortos por policiais de batalhões das cidades da Grande São Paulo, com exceção da capital paulista, aumentou 70% de janeiro a maio de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.

Já nos batalhões da cidade de São Paulo o aumento foi de 34%, número superior ao aumento de 25% na letalidade policial do estado como um todo: de 350 mortos em 2019, para 442 neste ano.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que demitiu ou expulsou, de janeiro a maio deste ano, 80 policiais civis e militares por desvios de conduta. A pasta informou ainda que iniciou um curso no último dia 1 para todos os níveis hierárquicos da PM com o objetivo “de aprimorar os processos da corporação”.

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