Sociedade
Polícia indicia por racismo influencers que entregaram banana e macaco de pelúcia a crianças negras
O caso aconteceu no Rio de Janeiro e foi denunciado em maio por uma advogada, que apontou o chamado ‘racismo recreativo’
A Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância indiciou pelo crime de racismo as influenciadoras que deram uma banana e um macaco de pelúcia para duas crianças negras, no Rio de Janeiro.
Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, são investigadas em outros três inquéritos. O indiciamento se refere apenas ao caso da criança que recebeu o bicho de pelúcia.
“A conduta delas é considerado como racismo, por conta da cor da pele, da raça. Mas, dentro do contexto, elas realizaram uma conduta que chamamos de racismo recreativo. Não é admitido você discriminar, constranger e usar de meios vexatórios para expor uma pessoa por meio de diversão”, disse Rita Salim, delegada da Decredi e responsável pelo inquérito.
Salim ainda relatou que as indiciadas negaram ter cometido crime e alegaram ter selecionado as crianças “para fazer uma brincadeira”.
“Mas o fato é que existe uma brincadeira reiterada e elas sempre publicaram, nesse contexto de crianças negras, bananas, macacos de pelúcia… O que se vê é que elas fazem isso só com crianças negras.”
O caso veio à tona em maio, após ser denunciado por uma advogada especialista em direito antidiscriminatório. Os vídeos foram publicados nas redes sociais por Kerollen, dona de um canal no qual posta vídeos com a filha. A dupla tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no Tiktok.
Em junho, a juíza Juliana Cardoso Monteiro de Barros, da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, determinou o bloqueio das redes sociais das influenciadoras.
À época, a juíza também pediu investigações do Ministério Público do Rio sobre possíveis infrações ao Estatuto da Criança e do Adolescente, em razão de “vídeos expondo crianças, adolescentes e idosos a situações vexatórias e degradantes”.
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