Sociedade

Polícia do Rio investiga caso de mulheres que deram banana e macaco de pelúcia para crianças negras

No vídeo, a ‘influencer’ pede para uma criança escolher entre dinheiro e o suposto presente

Polícia do Rio investiga caso de mulheres que deram banana e macaco de pelúcia para crianças negras
Polícia do Rio investiga caso de mulheres que deram banana e macaco de pelúcia para crianças negras
Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro instaurou uma investigação contra Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves após elas publicarem um vídeo no qual entregam uma banana e um macaco de pelúcia para crianças negras.

A denúncia partiu da advogada Fayda Belo e foi encaminhada ao Ministério Público do Rio. Para a especialista em direito antidiscriminatório, trata-se de um caso de “racismo recreativo”, pois existiu “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão” por parte da mãe e da filha.

“Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas desinfluenciadoras tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças inocentes e ainda postar nas redes sociais, com seus mais de 13 milhões de seguidores no TikTok e um milhão no Instagram, para ridicularizar duas crianças?”, questiona a advogada. 

Nas imagens, Kérollen aborda um menino negro em uma calçada e pergunta se ele gostaria de receber 10 reais ou um presente. Ele se anima, escolhe o presente e quando vê que se tratava de uma banana, responde: “só isso?”. Em seguida, afirma que não gostou. A mulher, então, reforça: “Olha direito, você gosta”. Ele, porém, reitera seu incômodo, ao que a influencer rebate com a frase: “mas foi você que escolheu”. 

Na segunda abordagem, ela faz uma pergunta parecida a uma menina, um pouco mais nova, que escolhe o “presente”. Quando abre o pacote, vê que se trata de um macaco de pelúcia, enquanto Nancy ri ao fundo.

Após a repercussão da gravação, elas deletaram o vídeo e bloquearam os comentários nas redes sociais. Nos stories do Instagram, publicaram um versículo bíblico:

Na denúncia, Belo ressalta que as duas violaram o Estatuto da Criança e do Adolescente por expor as crianças “a constrangimento, ao vexame, a humilhação e ridicularização em público”.

“O ECA diz que é inviolável a integridade moral do menor, bem como sua imagem deve ser preservada. Não pode sair por aí, usando imagem de criança”, afirma.

Em nota, o advogado de defesa da dupla, Adriano Bacelar, diz que os vídeos “não tinham intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou discriminação de minorias” e que as mulheres “têm sido defensoras ativas da igualdade racial”.

“As publicações em questão foram retiradas de contexto e interpretadas de maneira distorcida. As influenciadoras não tiveram a intenção de promover o racismo ou ofender qualquer indivíduo ou grupo étnico”, afirma Bacelar.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo