Sociedade
Polícia Federal deflagra operação contra fintechs ligadas ao PCC
Ação prendeu policial civil e bloqueou cifras milionárias nas contas das empresas


A Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo deflagram, na manhã desta terça-feira 25, uma operação contra empresas do ramo financeiro suspeitas de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A operação prendeu o policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, que é representante de uma das empresas investigadas. Os agentes também cumpriram dez mandados de busca e apreensão em cidades paulistas como São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo. Em meio às apurações, a Justiça também autorizou o bloqueio de 27,9 milhões de reais, distribuídos em oito contas bancárias.
As empresas investigadas são a 2GO Bank e a Invbank, que são fintechts – empresas de serviços financeiros com foco em uso de tecnologia – suspeitas de serem usadas para movimentar recursos do PCC. A ideia era encobrir a origem ilícita dos recursos por meio da compra de imóveis.
A operação desta terça é um desdobramento do caso Vinicius Gritzbach, o delator do PCC morto na saída do Aeroporto Internacional de Guarulhos em novembro do ano passado. Segundo as autoridades, as empresas teriam recebido dinheiro de Anselmo Becheli Santa Fausta (conhecido como ‘Cara Preta’) e de Rafael Maeda (conhecido como ‘Japa’). Os dois seriam membros do grupo criminoso.
Gritzbach era apontado como mandante do assassinato de Anselo, ocorrido em dezembro de 2021, mas sempre negou a acusação. Já Rafael, que foi achado morto dentro de um carro em agosto do ano passado, era investigado por suspeita de lavagem de dinheiro da organização por meio do agenciamento de jogadores de futebol, em um esquema delatado por Gritzbach.
O esquema
Segundo a PF, as duas empresas movimentavam valores acima dos 30 milhões de reais. Os investigadores apontam que os supostos criminosos construíram “um complexo esquema ilícito, engendrado por intermédio do emprego indevido de empresas de tecnologia financeira”.
A 2GO Bank foi fundada por Cyllas, que chegou a ser preso no último mês de novembro, mas solto no mês seguinte.
Já a Ivbank, segundo Gritzbach, teria sido criada “com o propósito específico de realizar contratos com construtoras e esquentar dinheiro [ilegal]” do PCC.
A defesa de Cyllas Salerno Elia Júnior ainda não se manifestou sobre a operação.
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