Sociedade

Polícia de SP prende 4º suspeito de estuprar meninas que aliciou no Discord

Carlos Eduardo Custódio do Nascimento, conhecido como DPE, estava foragido

Carlos Eduardo Custódio do Nascimento, o "DPE". Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, nesta segunda-feira 26, o quarto integrante de uma rede digital de jovens investigados por ameaçar e estuprar ao menos duas meninas, menores de 18 anos. As vítimas foram coagidas pelos agressores em um canal do aplicativo Discord.

Outros três rapazes já haviam sido presos pela mesma operação, deflagrada após o Fantástico revelar, em maio, como jovens utilizavam canais da plataforma digital para expor crimes e aliciar novas vítimas.

As jovens de 13 e 16 anos são, respectivamente, de Santa Catarina e São Paulo. A investigação também trabalha com a possibilidade de que o grupo tenha feito ainda mais vítimas: três em São Paulo, uma no Espírito Santo e outra no Amapá

Carlos Eduardo Custódio do Nascimento, conhecido na plataforma pelo nome DPE, tem 19 anos e estava foragido após a Justiça decretar sua prisão temporária a pedido do Ministério Público. Ele se entregou na tarde desta segunda-feira, acompanhado de seu advogado.

A vítima de 13 anos contou à polícia ter conhecido Carlos pelo aplicativo. Disse ainda que fugiu da casa dos pais, em Santa Catarina, para visitar o agressor em São Paulo — ele teria pago a viagem sob a promessa de irem morar juntos “sem adultos para encher o saco”. Chegando na capital paulista, a vítima foi levada a uma casa, mantida em cárcere e violentada sexualmente por ele e outros rapazes.

Tanto Carlos quanto os outros investigados conheceram as vítimas pelo Discord e, após criar conquistar a confiança delas, conseguiam fotos  íntimas para chantageá-las e obrigá-las a fazer tarefas sádicas, sob o risco de terem as imagens divulgadas na internet.

Ao cumprir mandados de busca e apreensão, a polícia encontrou nos computadores dos investigados fotos e vídeos de adolescentes nuas, além de conversas em que os agressores admitem os crimes. Em um dos HDs encontrados na casa de Carlos, havia uma pasta nomeada “backup das vagabundas estrupráveis” contendo foto das vítimas e outras meninas.

O MP também apura se o agressor e os outros três detidos podem ter cometido mais crimes como associação criminosa, discriminação racial e o tráfico de drogas. Até o momento, Carlos é apontado como o chefe da quadrilha digital.

Além de investigar os agressores, o MP também mira o próprio Discord. O promotor Danilo Orlando vê na plataforma um “local propício para aqueles que planejam ataques”.

Em entrevista ao Fantástico, o porta-voz da plataforma, Clint Smith, sustenta que o Discord não tolera comportamento odioso, mas que “de tempos em tempos, conteúdo mau e comportamento mau vão acontecer”, embora reforce que a plataforma trabalha ativamente para a remoção de conteúdo.

Semelhante ao Skype, a plataforma permite que usuários criem servidores privados e abertos em que pessoas de todo o mundo podem se conectar, criando verdadeiras comunidades. Dentro dos servidores, há as opções de criação de canais de voz e de mensagem. Além disso, a plataforma permite que um mesmo servidor crie canais públicos, restritos e até ‘invisíveis’ – cujo apenas usuários com permissão poderão visualizar e fazer acesso. Semelhante ao Telegram e ao Whatsapp, o histórico das conversas pode ser excluído automaticamente.

Quem são os detidos pela operação

Vitor Hugo Souza Rocha, conhecido pelo apelido ‘Verdadeiro Vitor’, de 21 anos, foi detido no começo de junho em Bauru e é investigado por armazenar e compartilhar pornografia infantil.

Gabriel Barreto Vilares, conhecido pelo apelido “Law”, de 22 anos, foi preso em São Paulo e é investigado por estupro e ameaça de menor.

William Maza dos Santos, conhecido pelo usuário “Joust”, de 20 anos, também foi preso em São Paulo e responde pelas mesmas acusações que os outros presos na capital.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo