Economia
Pobreza infantil bate recorde no País, mostra estudo
Cerca de 45% das crianças brasileiras até seis anos vivem em domicílios pobres
A pobreza infantil bateu recorde em 2021 no Brasil ao atingir 44,7% das crianças até seis anos no País, de acordo com um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O número corresponde a 7,8 milhões de crianças que vivem em domicílios abaixo da linha da pobreza, o patamar mais alto em uma década.
Em termos absolutos, a pobreza infantil aumentou de 6,4 milhões para 7,8 milhões no período de um ano. O aumento corresponde a população de uma cidade como Porto Alegre.
A paralisação temporária do Auxílio Emergencial em 2021 explica o aumento, segundo os pesquisadores. A inflação elevada e a queda na renda do trabalho também contribuíram.
“Os resultados preocupam muito. Existem estudos que mostram que o ser humano tem determinadas idades para o desenvolvimento cognitivo e físico”, afirmou a pesquisadora Izete Pengo Bagolin, responsável pelo levantamento, ao jornal Folha de S.Paulo. “A criança que passa fome e está em situação mais precária, exposta a condições não ideais, vai ter produtividade menor no futuro. A pobreza tem um custo para a realização profissional e pessoal”.
O estudo revelou ainda que a pobreza extrema que atinge crianças também aumentou. Em 2021, pelo menos 2,2 milhões de crianças até seis anos estavam nessa situação, um aumento de 58% em relação aos números de 2020.
Em valores, a linha de pobreza representa famílias que recebem até 465 reais por pessoa por mês. Já na extrema pobreza, o valor é de 160 reais per capita no mesmo período.
Em um recorte racial, a taxa de pobreza para crianças negras é bem maior, chegando a 54,3% em 2021, ante 32,4% para as brancas. O índice das crianças até 6 anos negras na extrema pobreza também é mais alto, representando 16,3%, quanto para as brancas é de 8,2%.
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