PM reprime ato contra Copa, deixa feridos e prende sete

Além do Comitê Popular da Copa, participaram do protesto em São Paulo integrantes do Movimento Passe Livre, movimentos de luta por moradia e movimentos estudantis

Concessionária da Hyundai depredada durante o ato desta quinta-feira

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Parte de uma série de atos em todo país que tentam dar impulso a protestos contra a Copa do Mundo, a manifestação organizada pelo Comitê Popular da Copa não conseguiu avançar 600 metros, na noite desta quinta-feira 15 em São Paulo. Com 1.200 pessoas (segundo a Polícia Militar), o ato saiu da esquina entre a avenida Paulista com a rua da Consolação, por volta das 19h, e foi reprimido pela PM na altura da rua Fernando de Albuquerque, poucos minutos depois. No confronto, pelo menos duas pessoas ficaram feridas por causa de bombas de efeito moral. Outras sete foram presas.

Os manifestantes começaram a se juntar por volta das 17h na Praça do Ciclista, na extremidade da avenida Paulista que encontra-se com a rua da Consolação. Além do Comitê Popular da Copa, participaram integrantes do Movimento Passe Livre, movimentos de luta por moradia e movimentos estudantis. O pré-candidato do PSOL à Presidência, senador Randolfe Rodrigues, também marcou presença. Ele criticou o governo federal e justificou a “insatisfação natural” da população em relação ao evento. “Prometeram aeroportos e só o de Brasília ficou pronto. O de Guarulhos entregaram inacabado”, afirmou. Sobre a presença no ato, ele garantiu que iria participar da passeata “até onde a sua agenda permitisse”.

Antes do início da manifestação, foi projetado na lateral de um prédio da região uma série de informações referentes ao custo da realização da Copa no Brasil, além do nome de todos os operários que morreram em obras de estádios. Por fim, foram exibidas críticas ao governo federal e estadual por conta da repressão às manifestações. “Em São Paulo, falta água para as pessoas, mas pro canhão de água da PM tem”, ironizava uma das frases.

Durante a “concentração” do protesto foram exibidas imagens como esta

Em seguida, os manifestarem saíram em marcha pela rua Consolação. O ato começou com palavras de ordem e uma linha de frente formada apenas por mulheres, assim como já aconteceu em eventos como a Marcha da Maconha. Apesar disso, poucos metros depois, começou a confusão. O problema surgiu quando houve empurra-empurra entre manifestantes e PMs que queiram fazer um segundo cordão de isolamento em volta da passeata. Isso porque já havia uma fila de policiais que escoltava o grupo pelo lado oposto da Consolação. Os policiais militares soltaram bombas de efeito moral e gás lacrimogênio no meio da multidão, que se dispersou. Na ação, um fotógrafo e uma mulher foram atingidos por estilhaços da bomba e ficaram feridos sem gravidade.

Depois do confronto, os manifestantes se dividiram em grupos. Uma parte correu em direção à rua Augusta, enquanto outros desceram a Consolação e uma terceira parte se protegeu na rua Coronel José Eusébio. Algumas pessoas que correram no sentido da Praça Roosevelt aproveitaram para destruir as vitrines de uma concessionária da Hyundai, localizada quase em frente ao Cemitério da Consolação. Além dos vidros, alguns carros foram depredados. Um pequeno grupo também tentou colocar fogo em um ônibus que passava pela Consolação, mas não conseguiu.


Na correria, manifestantes espalharam lixo e colocaram fogo nas ruas para evitar a passagem dos policiais, que continuaram a disparar bombas de gás lacrimogênio em meio aos carros parados no trânsito. Com isso, a maior parte dos ativistas se dispersou e só um pequeno grupo continuou o protesto em direção ao estádio do Pacaembu, antes de encerrar a manifestação na estação Marechal Deodoro do Metrô, próximo ao Minhocão. No fim, alguns ativistas pularam a catraca da estação para não pagar a passagem.

O protesto teve um efetivo menor da PM em relação aos anteriores: 500 policias (segundo a corporação) contra 1600 dos últimos dois atos na cidade.

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