Manifestantes do Movimento Passe Livre (MPL) foram agredidos pela Polícia Militar durante protesto na noite de quinta-feira 16. O movimento realizou uma marcha contra o aumento na tarifa do transporte público.
Para asfixiar o protesto, a PM utilizou bombas de gás, detenções e bloqueios. Entre os manifestantes detidos, estava a produtora cultural Andreza Delgado, criadora do projeto PerifaCon, que realiza eventos relacionados a quadrinhos, filmes e games voltados para a periferia.
Andreza declarou ter saído da Delegacia de Polícia por volta das 3h30 da manhã desta sexta-feira 17, bastante machucada. Em sua rede social, ela compartilhou imagens em que aparece sendo puxada pelos cabelos, jogada no chão e arrastada pela Polícia Militar.
Em uma foto que viralizou no Twitter, ela está deitada no chão, com a boca espumando em função de uma ação da PM com spray de pimenta.
“Eu tô com a cabeça doendo de tanto que meus cabelos foram puxados. Desproporcional é pouco para essa ação, mas é isso, uma mulher negra é ameaça para homens de fardas e armas”, escreveu a produtora.
Eu tô com a cabeça doendo de tanto que meus cabelos foram puxados. Desproporcional é pouco para essa ação, mas é isso uma mulher negra é ameaça para homens de fardas e armas.
Nem um passo atrás! #4e40NaoDa https://t.co/TakvGb0voX
— Andreza Delgado (@andrezadelgado) January 17, 2020
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) declarou que a Polícia Militar agiu “para garantir o direito à livre expressão”. Segundo o órgão, jovens foram detidos por desacato e lesão corporal.
“A Polícia Militar, para garantir o direito à livre expressão e a segurança de todos, atuou no ato contrário ao reajuste nas tarifas do transporte público, realizado nesta quinta-feira 16. Após o deslocamento para a região da Praça da República, houve um princípio de tumulto que foi contido pelos policiais. Uma policial militar foi ferida durante a ação. Dez pessoas, sendo oito adultos e dois adolescentes, foram detidas por desacato e lesão corporal. Todos foram encaminhados ao 2º DP e liberados após o registro da ocorrência. Os vídeos e relatos são analisados e as medidas cabíveis serão adotadas”, diz a nota da SSP.
O transporte público na capital paulista passou de R$ 4,30 para R$ 4,40. O reajuste é de 2,33%. As novas tarifas foram aprovadas em dezembro pela Câmara Municipal e pela Assembleia Legislativa e passaram a vigorar em 1º de janeiro.
Para o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o reajuste poderia ser evitado. Segundo a instituição, a prefeitura de São Paulo poderia segurar o aumento reajustando o valor de subsídio para o sistema. O Idec também sustenta que o gerenciamento do poder público municipal não é eficiente.
Desde então, o MPL já realizou o terceiro protesto. A primeira manifestação ocorreu em 7 de janeiro e a segunda no dia 9. O movimento também se opõe à redução do número de linhas e viagens de ônibus.
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