Grupos indígenas que protestavam em frente ao prédio da Funai em Brasília, nesta quarta-feira 16, foram atacados com bombas de efeito moral e gás de pimenta vindos da Polícia Militar do Distrito Federal.
Vídeos publicados nas redes mostram cenas de correria e dispersão dos grupos, que chegaram à Brasília a fim de pressionar a derrubada de projetos de lei que ameaçam mudar regras relativas à demarcação de terras indígenas. As reinvindicações também exigem a expulsão de garimpeiros e invasores de territórios indígenas. O movimento foi nomeado de Levante pela Terra.
“Bomba aqui em frente à Funai. Olha como Funai recebe os indígenas”, exclama Sônia Guajajara, presidente da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a Apib.
Funai recebendo o Acampamento indígena com bombas pic.twitter.com/zcVlRrfQut
— Sonia Guajajara (@GuajajaraSonia) June 16, 2021
A PM-DF confirmou a CartaCapital que as bombas partiram dos agentes da corporação. “Às 15h15min, cerca de 150 indígenas deslocaram a pé até a FUNAI. O trajeto ocorreu de forma pacífica, no entanto, após chegarem em frente ao Brasil 21, os índios partiram em confronto contra a linha de contenção, inclusive, atirando flechas contra os policiais, sendo necessário o uso de gás para retomada do terreno”, diz a nota enviada à reportagem.
Depois de serem atacados pela PM quando chegavam à Funai, indígenas pedem a saída do presidente do órgão, Marcelo Xavier, que chegou ao cargo indicado pela bancada ruralista e já tomou uma série de medidas contra os direitos dos povos. #LevantePelaTerra
📷Adi Spezia/Cimi pic.twitter.com/8W9OxA2635
— Cimi (@ciminacional) June 16, 2021
As lideranças tentavam uma reunião com o presidente da Funai, Marcelo Xavier. No fim da tarde, correu a informação de que Xavier conversaria com cinco lideranças femininas. A pauta unificada dos diferentes povos presentes é que Xavier deixe o cargo.
“Nós deixamos nossos filhos, viajamos três dias para falar com o presidente da Funai, e nos recebem com bomba, com gás de pimenta. E nós não somos protegidos nem com o direito de viver no território”, lamentou Alessandra Korap Munduruku em frente à Funai. “A gente não tem direito de viver no território, mas ele tem o direito de expulsar a gente?”
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