No 14º dia de greve, petroleiros rasgaram e queimaram comunicados de demissão enviados pela Petrobras. Desde 1º de fevereiro, os trabalhadores paralisaram para protestar contra a demissão de funcionários da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), na cidade de Araucária.
Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o processo de demissão pode afetar mil trabalhadores da fábrica. A dispensa em massa ocorre após a Petrobras anunciar o fechamento da empresa, em 14 de janeiro. A estatal alega que a empresa, comprada da mineradora Vale em 2013, não apresenta resultados econômicos sustentáveis.
Os petroleiros dizem que a atual gestão da Petrobras não quer negociar. Nesta sexta-feira 14, eles relataram que pelo menos 144 trabalhadores receberam telegramas de convocação para comparecer a hotéis onde seriam feitas as rescisões dos contratos de emprego. Em ato em frente à fábrica, eles rasgaram e queimaram os telegramas. Há 23 dias, os petroleiros estão acampados em frente à Fafen.
A greve nacional dos petroleiros paralisou 116 bases do Sistema Petrobras. São 56 plataformas, 23 terminais, 11 refinarias, 7 campos terrestres, 7 termelétricas, 3 Unidades de Tratamento de Gás (UTGs), 1 usina de biocombustível, 1 fábrica de fertilizantes, 1 fábrica de lubrificantes, 1 usina de processamento de xisto, 2 unidades industriais e 3 bases administrativas. Eles contabilizam 20 mil trabalhadores no movimento.
Petroleiros lutam até haver negociação, não aceitam e queimam as cartas de demissão. #fafenresiste
Posted by Federação Única dos Petroleiros on Friday, February 14, 2020
Na quinta-feira 13, a FUP afirmou que os gestores da estatal podem provocar desabastecimento de combustíveis no país, para culpar os grevistas.
“O objetivo do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, é colocar a população contra nós, trabalhadores, culpando os grevistas por um possível desabastecimento que venha a ocorrer. Se isso acontece, a culpa é da intransigência dos gestores. Por isso, alertamos a população para que fique atenta. A direção da Petrobras poderá provocar de forma premeditada desabastecimentos em algumas regiões do país”, escreveu a Federação.
Os trabalhadores enfrentam uma batalha judicial para manter a greve dentro da legalidade. Em 4 de fevereiro, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os sindicatos de petroleiros mantenham 90% dos trabalhadores em serviço durante a greve da categoria. A decisão foi reiterada por liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli.
Em nota, a Petrobras diz que as unidades seguem operando em condições de segurança, com equipes de contingência formadas por empregados que não aderiram à greve e contratações temporárias autorizadas pela Justiça.
A estatal afirmou ainda que está realizando o desconto dos dias não trabalhados dos empregados que aderiram ao movimento grevista.
“O desconto será realizado porque não houve a contraprestação do serviço, ou seja, os empregados não realizaram o trabalho para o qual são contratados”, escreveu a empresa.
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