Sociedade

Pergaminhos da Torá escapam de incêndio no Museu Nacional

Os manuscritos em hebraico tombados pelo Iphan pertenceram a Dom Pedro II e datam de até mil anos atrás

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Nove rolos de Pergaminho da Torá, texto sagrado do judaísmo, que pertenceram a Dom Pedro II e fazem parte do acervo do Museu Nacional, escaparam do incêndio que atingiu a instituição, confirmou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Conhecidos como Pergaminhos Ivriim, os manuscritos escritos em hebraico datam de 400 a mil anos atrás e foram tombados pelo Iphan em 1998, devido à sua importância arqueológica e bibliográfica.

Eles foram preservados por terem sido transferidos antes do incêndio para a seção de Obras Raras da Biblioteca do Horto, localizada na Quinta da Boa Vista, perto do Museu Nacional.

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Osias Wurman, cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro, afirma que os pergaminhos estão entre os dez documentos mais antigos do judaísmo. Ele diz que os manuscritos estavam em restauração e por isso foram salvos da tragédia no Museu Nacional.

“A Torá reúne os livros que Moisés teria recebido de Deus. Na religião judaica, uma Torá precisa ser aberta e fechada ao menos três vezes por semana, então, é um documento que precisa de constante cuidado. Por isso, está em restauração no Horto”, disse Wurman.

Segundo historiadores, Dom Pedro II adquiriu a Torá que pertence ao acervo do Museu Nacional por ser um estudioso da cultura hebraica. Pesquisas indicaram que os manuscritos foram confeccionados no Iêmen, por volta do século XIII.

Wurman conta que jornais israelenses entraram em contato com a comunidade judaica no Rio para saber se os pergaminhos foram danificados pelo incêndio.

“Essa Torá é muito importante, e a sua preservação foi uma ótima notícia no meio de tantas perdas”, diz Wurman.

A obra judaica é um dos três tombamentos do Iphan que envolvem o Museu Nacional. Além dela são preservados pelo instituto o prédio do museu e o acervo arqueológico.

Administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e fundado há 200 anos por Dom João VI, o Museu Nacional foi destruído por um incêndio na noite do último domingo. Os Pergaminhos Ivriim estavam entre as mais de 200 milhões de peças que faziam parte do acervo do museu.

Pesquisadores que trabalham no local nutrem a esperança de que ao menos uma pequena parte do valioso acervo, em especial peças mais raras e valiosas das áreas de arqueologia e paleontologia, possa ter sido salva das chamas dentro de cofres e armários de aço especiais. Entre elas está o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, com mais de 11 mil anos.

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