Em abril de 2003, a Polícia Federal apreendeu no município de Comodoro, em Mato Grosso, 18,9 quilos de cocaína escondidos no compartimento de gasolina de um caminhão Mercedes-Benz branco, com placas de Joinville, Santa Catarina. Em depoimento, o motorista do veículo disse que a droga pertencia a Alcides Guizoni, conhecido como Durepox, que o teria contratado para levar o produto de Rondônia à cidade catarinense. Durepox acabou condenado por tráfico de entorpecentes a seis anos de reclusão em regime fechado, mas permaneceu fora do radar da Justiça por dez anos. Investigado pelos mesmos crimes no Paraná e em Rondônia, nos anos seguintes ele mudou de ramo. Abriu um frigorífico, depois um supermercado, mas as empresas não prosperaram. Foi daí que, segundo uma investigação da Superintendência da PF no Amazonas, ele migrou para outro negócio, menos perigoso e muito mais lucrativo: a extração ilegal de madeira.
Na Floresta Amazônica, Guizoni perdeu a alcunha de Durepox e viu a vida melhorar da água para o vinho. Em apenas quatro anos, o “empresário” movimentou 16,8 milhões de reais com a venda ilegal de mais de 44,6 mil metros cúbicos de madeira, segundo um laudo da PF ao qual CartaCapital teve acesso. “As toras de madeira nativa daí extraídas foram “legalizadas” com DOFs (Documentos de Origem Florestal) de outras áreas onde foram aprovados planos de manejo”, afirma a PF, para quem a madeira foi “usurpada da União” mediante a grilagem de terras.
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